Enquanto espero a chegada do elevador, converso com uma simpática senhora. Entre uma amenidade e outra, ela me diz estar bastante adiantada para a sua consulta, pois tinha muito medo que chovesse, levando-a a sair de casa bem antes. Enfatizou seguidas vezes esse seu temor, “exagerando” como seria difícil se deslocar se isso acontecesse. Enquanto a escutava, observei seus traços fisionômicos e presumi que ela teria aproximadamente setenta e poucos anos. Depois de nos despedirmos, lembrei da minha sessão de terapia, na manhã desse mesmo dia. O foco foi a necessidade de ficarmos atentos às mudanças comportamentais provocadas pela passagem do tempo. E à redução das capacidades físicas também. Se não fizermos considerável esforço no sentido de tentar preservar o entusiasmo e o gosto por viver, estaremos fadados a ver a vida sendo invadida por uma série de temores, a maioria deles imaginários. Não sei como será comigo, mas já sinto certas sombras se aproximando e tento me tornar consciente da necessidade de uma vigilância emocional permanente. O que se revelava fácil adquire contornos de gravidade. É preciso redobrar alguns cuidados, pois o corpo se torna frágil e a mente pode preparar algumas armadilhas.
ARRISCAR-SE
Notícia
E se chover?
Vamos assim mesmo, lembrando da brevidade de tudo