Para Epicuro, filósofo grego nascido no terceiro século antes de Cristo, a vida tem como propósito a felicidade. Ela é alcançada através da aponia, a ausência da dor, ou pela ataraxia, definida como a tranquilidade da alma. O homem deve se esforçar, elevando-se a tal condição, mas a existência lhe ensina o caminho para tanto. Afastar-se dos excessos, buscando o que ele chamou de prazeres naturais. É a capacidade de se contentar com o que temos diante de nós. De pouco carecemos para o bem-estar. A saúde do corpo e o espírito domando as paixões já nos garantem a serenidade. Tudo o mais faz parte do exterior, de uma vontade imposta pelos costumes, hábito ou inconsciência. Manter- se alheio a esses apelos revela o verdadeiro caráter do sábio. Evitará abrigar-se longe do mundo, mantendo-se inserido na realidade. A diferença entre ele e quem não procura esse propósito é acreditar no desejo como algo passível de estancamento, depois de satisfeito. Há pontos de convergência entre esses ensinamentos e o budismo. Ambos propõem uma distância sutil do tumulto e do rumor. Cada um participa da ordem dos dias, porém, sem se manter ligado a algo tão volátil como as emoções.
Opinião
Gilmar Marcílio: a justa medida
Cada um participa da ordem dos dias, porém, sem se manter ligado a algo tão volátil como as emoções