O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, rejeitou nesta quinta-feira (6) o anúncio de Washington de que seus navios não terão que pagar para transitar pelo Canal do Panamá, o que chamou de "falsidade absoluta" e "intolerável".
"Tenho que rejeitar essa declaração do Departamento de Estado porque ela se baseia em uma falsidade", disse Mulino em uma coletiva de imprensa.
"Isso é intolerável, simplesmente intolerável. E hoje o Panamá está expressando ao mundo a minha rejeição absoluta de continuarmos a explorar as relações bilaterais com base em mentiras e falsidades", enfatizou.
Em meio a uma forte escalada sobre a ameaça de Donald Trump de retomar o controle do canal, o Departamento de Estado disse na quarta-feira que seus navios não terão que pagar para transitar pela hidrovia.
No entanto, a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), um órgão independente do governo criado para administrar a hidrovia estratégica, negou rapidamente o anúncio dos EUA na noite de quarta-feira.
O presidente panamenho disse que havia instruído as embaixadas do Panamá a "negar" o anúncio do Departamento de Estado.
A polêmica ocorre dias após a visita de domingo ao Panamá do secretário de Estado Marco Rubio, que disse que o país centro-americano havia oferecido várias concessões.
Rubio disse ao governo panamenho que era injusto para os Estados Unidos estarem em uma posição de "defesa" da hidrovia interoceânica vital e, além disso, ter que pagar por seu uso.
Desde que venceu a eleição presidencial em novembro, Trump não descartou o uso da força para retomar o controle do canal, pelo qual passam 40% do tráfego de contêineres dos EUA.
Trump e Mulino devem manter uma conversa telefônica na sexta-feira para discutir o canal interoceânico construído pelos EUA, que foi inaugurado em 1914 e entregue aos panamenhos em 1999, de acordo com tratados bilaterais.
* AFP