Era criança e ficava extasiada ao ver um termômetro quebrar. De dentro, saíam várias bolhinhas de mercúrio. Eu mesma vivia numa bolha, mas não sabia. Achava que o planeta se resumia à minha família, ao colégio e ao clube, onde eu encontrava “todo mundo”. Todos iguais, brancos, de classe média alta, que reproduziam piadinhas racistas e chamavam de bicha os garotos que não jogavam bola. Não éramos pessoas ruins, apenas alienados.
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