Diz a música popular brasileira que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. E quem não gosta de doce, é o quê? Costumo dizer que não confio muito em quem não gosta de doce. Pode alguém ser tão amargo que não aprecie um bom chocolate derretido? Você confiaria um segredo a quem não valoriza aquela colherada no pote de doce de leite?
O doce é poesia a cada mordida. acalma, conforta, anima. Doce é elogio, é suave, é agradável. Eu não pago imposto pra provar um. Sou do time que só acredita em refeição completa com sobremesa. Nem a bolachinha do café me escapa.
Venho de uma família de formigas. Tenho duas irmãs que, se pudessem, comeriam doce no café da manhã, no almoço e no jantar. Também sou filho de mãe doceira, que é responsável por uma torta de morango com doce de leite e nozes que me faz perder o sono. Talvez tenha açúcar em meu DNA.
Nesta época de verão, reconheço de longe aqueles mentirosos que, por uns quilinhos a menos, desdenham do pudim com furinhos ou do brigadeiro quente na panela. A esses, só desejo uma coisa: que sonhem com Nutella!
Em festas de aniversário de criança, tenho dificuldades para esperar o parabéns até atacar o cajuzinho. E vai dizer que você aí nunca passou o dedo na cobertura do bolo ou raspou o fundo da panela?
Quem sabe cozinhar diz que preparar doces é o que existe de mais difícil na cozinha. E, mesmo seguindo a receita à risca, tem que ter “mão boa”. Acredito nisso. Nada que é tão bom deveria ser fácil de fazer. Por essas e outras é que adoro uma boa confeitaria. Espero que esse tipo de lugar se multiplique. É difícil encontrar alguém infeliz dentro de uma boa doceria.
Nos últimos tempos, tenho visto gente apontando o dedo para os doces como vilões. Ok, em excesso pode prejudicar. Mas o que em excesso não prejudica? Equilíbrio é o caminho. E, se for pra privilegiar alguns, que sejam aqueles doces de verdade, que remetam à infância, que façam você sorrir quando se lembra. Viva a rabanada, o arroz-doce e a ambrosia.