Na semana que inicia a primavera, a Serra amanheceu coberta de branco. A geada tardia que atingiu a região também provocou prejuízos aos agricultores, que já tinham sofrido perdas por conta do mesmo fenômeno ocorrido no dia 21 de agosto. Naquela ocasião, a geada foi apontada por produtores rurais como uma das mais fortes dos últimos anos, e os pomares de pêssego e ameixa foram os mais atingidos. Mas desta vez, um mês depois, mesmo parreirais de uva, com a poda adiada para mais tarde, já tinham algumas plantas brotadas e foram afetados.
É o caso das uvas de Daniel Antonio De Cezaro, com cerca de dois hectares plantados na linha Caçador, interior de Farroupilha. Mesmo com um hectare de variedades protegido por cobertura plástica, a intensidade da geada foi tão grande que congelou parte da produção, caso da sauvignon blanc, que é mais precoce.
_ Não estava contando com essa geada, até porque podo tarde. Depois que coloquei a cobertura, há seis anos, não tinha tido mais problemas, mas essa geada foi um pouco acima da média. A cobertura diminuiu o impacto, mas a temperatura foi muito baixa na madrugada, e a geada muito forte _ lamenta o dono da agroindústria que produz vinhos, sucos e espumantes orgânicos.
De Cezaro também tem outro hectare com produção exposta com as variedades niágara branca e bordô.
_ Depois vamos ver qual será o tamanho da quebra, mas o que estava brotado queimou _ conta o produtor, destacando que a uva de mesa branca já estava brotada.
O próprio presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e do Sindicato dos Agricultores Familiares de Farroupilha, Márcio Ferrari, com produção da localidade de Linha Alencastro, no terceiro distrito, teve 50% da produção das variedades isabel, carmen e bordô afetadas. Ferrari recebeu relatos de estragos semelhantes nas localidades de Farrapos, Caravagbio, Capela de Todos os Santos (Busa), Julieta, Monte Bérico e Caçador.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Familiares de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, diz que também recebeu relatos de que a geada foi intensa para os produtores do interior de Caxias, mas que ela foi mais forte na vegetação rasteira, e não tanto nas plantas.