As operações militares israelenses em dois campos de refugiados na Cisjordânia ocupada deixaram quase 5.500 famílias palestinas deslocadas desde dezembro, denunciaram nesta terça-feira (4) funcionários da ONU e autoridades locais.
Israel afirma que realiza operações "antiterroristas" contra combatentes palestinos na área.
Jonathan Fowler, porta-voz da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), indicou que se estima que entre 2.450 e 3.000 famílias foram deslocadas do campo de refugiados de Tulkarem.
Segundo Faisal Salama, diretor do comitê do campo, 80% dos 15.000 residentes tiveram que abandonar suas casas.
Fowler e Salama concordaram na dificuldade de obter números precisos devido à situação de insegurança e à própria flutuação da população desses assentamentos.
"Os deslocados do campo estão espalhados pelos subúrbios e pela própria cidade de Tulkarem", disse Salama à AFP.
A operação militar "Muro de Ferro", lançada por Israel em 21 de janeiro em Jenin, a oeste de Tulkarem, também obrigou muitas pessoas a abandonarem seus lares.
Fowler relatou que 3.000 famílias, cerca de 15.000 pessoas, fugiram do campo de Jenin desde dezembro, inicialmente escapando de uma operação de segurança das autoridades palestinas contra combatentes e, depois, devido à ofensiva israelense.
O deslocamento da população aumentou nos últimos dias com a intensificação das operações israelenses.
Meios de comunicação israelenses e a agência oficial palestina Wafa informaram no domingo que Israel destruiu 20 edifícios com o detonamento de explosivos.
Os campos de refugiados de Tulkarem e Jenin são conhecidos por serem redutos de combatentes palestinos.
De acordo com o Ministério da Saúde palestino, 70 pessoas morreram na Cisjordânia nas mãos de Israel este ano até agora, 38 delas em Jenin.
Já o Exército israelense indicou que matou mais de 50 "terroristas" desde 14 de janeiro na Cisjordânia.
As operações israelenses na Cisjordânia se intensificaram após a entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza em 19 de janeiro.
As autoridades palestinas relatam que quase 900 pessoas morreram em operações militares israelenses ou por ações dos colonos na Cisjordânia desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023.
Pelo menos 32 israelenses, incluindo vários soldados, morreram em ataques palestinos ou durante operações na Cisjordânia no mesmo período, segundo dados oficiais israelenses.
* AFP