O ministro da Defesa da Síria, Murhaf Abu Qasra, disse nesta quarta-feira (22) que Damasco está disposta a negociar com as forças curdas sobre sua integração ao exército nacional, mas enfatizou que, se as negociações falharem, poderá recorrer ao uso da força.
"A porta para negociar [com as Forças Democráticas Sírias, dominadas pelos curdos] está atualmente aberta", disse Murhaf Abu Qasra. Mas "se tivermos que usar a força, estaremos preparados", alertou.
Uma delegação das Forças Democráticas Sírias (FDS) manteve negociações "positivas" em 30 de dezembro com Ahmed al Sharaa, o novo líder sírio, em Damasco, disse um representante sírio à AFP, sob condição de anonimato, em dezembro.
As FDS controlam grandes partes do nordeste da Síria desde a guerra civil de 2011, que fragmentou o país e deixou mais de meio milhão de mortos.
As novas autoridades sírias, que assumiram o poder em 8 de dezembro após derrubar o presidente Bashar al Assad, agora buscam dissolver todos os grupos armados e integrá-los ao Ministério da Defesa.
No entanto, o destino das poderosas FDS, apoiadas pelos Estados Unidos e que lideraram a campanha que derrubou o grupo jihadista Estado Islâmico em 2019, representa um dos principais obstáculos.
O ministro da Defesa sírio disse que as coisas não estavam "claras nas negociações com as FDS no momento".
"Eles nos ofereceram petróleo, mas nós não queremos petróleo, queremos instituições e fronteiras", disse o ministro da Defesa.
As FDS estabeleceram uma administração autônoma no nordeste do país e controlam grande parte das zonas petrolíferas.
A Turquia, que mantém relações com as novas autoridades sírias, acusa um dos grupos que compõem as FDS, as Unidades de Proteção Popular (YPG), de ter vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) turco, proibido no país.
Os combates acontecem desde o final de novembro entre as FDS e facções apoiadas pela Turquia no nordeste da Síria, apesar das tentativas de impor uma trégua.
O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, afirmou nesta quarta-feira em Damasco que "as negociações entre as autoridades interinas sírias e as FDS merecem uma oportunidade".
* AFP