Centenas de pessoas se manifestaram, nesta sexta-feira (9), em várias cidades do sul do Iraque para protestar contra a escassez de eletricidade, em um país onde as temperaturas rondam os 50 graus há vários dias, observaram os correspondentes da AFP.
Na cidade sagrada de Kerbala, onde ocorreu a maior concentração, centenas de pessoas que vivem em bairros sem energia elétrica manifestaram sua indignação em frente à usina elétrica Al Jairat.
"Exigimos que volte a eletricidade e não vamos embora daqui até que isso ocorra", disse à AFP Dia Wadi, enquanto os outros manifestantes, principalmente homens, cantavam e dançavam em frente às portas da usina.
Os manifestantes quebraram a janela traseira do carro de um funcionário e as forças de segurança foram enviadas ao local, mas não houve registro de confrontos.
Os iraquianos estão acostumados ao calor extremo, mas tiveram que suportar temperaturas superiores aos 50 ºC nos últimos dez dias, e a escassez de eletricidade os priva de ar condicionado, ventiladores e geladeiras.
No início de julho, o país - o segundo maior produtor de petróleo da OPEP - sofreu um apagão total durante um dia.
Dezenas de pessoas também se manifestaram em três cidades da província de Misan (sul). O governador da província, Mohamed Al Mayahi, acusou os manifestantes de estarem "politicamente manipulados".
Também houve uma manifestação em Kut, na província de Wassit, ao sul de Bagdá, onde, segundo testemunhas, os moradores não têm mais que seis horas de energia elétrica por dia.
Os cortes de energia são consequência da antiguidade das instalações, da corrupção e de vários ataques não solucionados contra linhas de alta tensão.
Além disso, o Irã, a quem o Iraque deve 6 bilhões de dólares em gás e eletricidade, interrompeu seu abastecimento no final de junho.
O governo iraquiano afirma que poucas casas pagam suas contas e que cada vez mais pessoas se conectam à rede de forma ilegal.
* AFP