SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em resposta às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos a 11 dirigentes de Hong Kong, a China impôs medidas semelhantes contra 11 cidadãos americanos nesta segunda-feira (10).
Classificando a decisão de Washington como um "comportamento incorreto", o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou durante entrevista coletiva que os 11 americanos alvos das sanções agiram mal em assuntos relacionados a Hong Kong.
Entre os alvos estão os senadores Ted Cruz, Marco Rubio, Tom Cotton, Josh Hawley e Pat Toomey e o deputado Chris Smith, todos do Partido Republicano, o mesmo do presidente dos EUA, Donald Trump.
Membros de entidades de direitos humanos também sofreram sanções, como Kenneth Roth, diretor da ONG Human Rights Watch.
O regime chinês não deu detalhes sobre as implicações da decisão desta segunda-feira. Já as sanções feitas pelos EUA na sexta-feira (7) congelam qualquer patrimônio dos alvos asiáticos no país e impedem americanos de fazer negócios com eles.
A medida de Washington atingiu a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, o chefe da polícia local, Chris Tang, seu predecessor, Stephen Lo, o secretário de Segurança do território, John Lee Ka-chiu, e a secretária de Justiça, Teresa Cheng, entre outros nomes.
Hong Kong tem sido alvo de atenção internacional desde a promulgação, em junho, da nova lei de segurança nacional.
As novas regras permitem a repressão de quatro tipos de crime contra o Estado: subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com sentenças que podem chegar a prisão perpétua.
Pequim nega as acusações que tem recebido da comunidade internacional. Ativistas pró-democracia denunciam, entretanto, interferência do governo central da China sobre Hong Kong.
Para os EUA, as relações com o território tornaram-se uma nova frente na Guerra Fria 2.0 contra o regime de Xi Jinping. O país encerrou a política de tratamento econômico especial à ex-colônia britânica e usa a situação de Hong Kong no discurso contra o país asiático no campo dos direitos humanos.
O território semiautônomo também tem sido palco de protestos de ativistas pró-democracia. Em resposta às tentativas de Pequim de reforçar o controle sobre a região, houve enormes atos que se estenderam por meses ao longo de 2019.
O regime chinês cedeu em algumas demandas, mas as manifestações passaram a incluir novas questões. Os protestos arrefeceram quando a pandemia de coronavírus começou, mas ganharam novo fôlego após a aprovação da nova legislação.
A comunidade internacional também se posicionou. França, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Alemanha romperam acordos de extradição com Hong Kong. A principal justificativa é a preocupação com a falta de independência do território em relação ao regime de Pequim.
A União Europeia também adotou um pacote de medidas em protesto contra a nova lei.
O bloco decidiu limitar a exportação de equipamentos e tecnologias que possam ser usados pela China para "repressão interna, interceptação de comunicações ou vigilância cibernética" e anunciou que não vai iniciar nenhuma nova negociação com Hong Kong.