Em meio a escândalos políticos, um programa de humor ganha destaque, sem poupar ninguém. O Tá no Ar: a TV na TV estreou a sua segunda temporada na TV Globo no último dia 7, tecendo críticas aos governantes, ao sensacionalismo da mídia, ao tráfico e ao dinheiro sujo usado para financiamento do Carnaval, através de um samba-enredo nada ortodoxo.
"Tudo isso foi citado nesse samba, e muitos não acreditaram que fizemos isso. Algumas pessoas do jornalismo da Globo me disseram 'vocês fizeram nesses dois minutos de samba, mais jornalismo do que nós conseguimos fazer hoje em dia'", afirma o apresentador Marcelo Adnet, em entrevista ao Timeline desta segunda-feira (9).
O humorista, que assina a redação final do programa com Marcius Melhem, comemorou a liberdade que tem para trabalhar em uma emissora considerada “conservadora”, como o próprio definiu:
"Em nosso último programa, na quinta, começamos com o seguinte aviso: 'Interrompemos nossa programação para dizer que trabalhamos na Globo, mas não concordamos com tudo que ela faz'. Essa frase é muito forte, e simboliza uma esperança pra nós", disse.
No dia 19, o Timeline entrevistou o sambista Neguinho da Beija-Flor, e uma polêmica foi levantada pelo intérprete. Neguinho disse que o Carnaval do Rio só é hoje o maior espetáculo audiovisual do planeta devido à contravenção. Adnet discordou do músico:
"Neguinho é um dos gênios do Carnaval carioca, mas eu me sinto no direito de discordar dele nesse sentido. Mas ele foi totalmente verdadeiro, nada hipócrita. E isso está em falta, assim como nosso samba foi verdadeiro”, rebateu, complementando: “Tenho todo o direito de lutar por um carnaval que tenha sua fonte de renda declarada, legal, uma coisa que contribua com a cidade do Rio e com o País”.
Adnet criticou a perseguição que a emissora sofre por parte da audiência, classificando-a como um “bode-expiatório perfeito para os problemas do Brasil”. E se a Globo saísse do ar, seria melhor? A opinião de Adnet é clara:
“Não ia. Ao contrário, ele pioraria, pois deixaríamos a TV aberta na mão de uma facção religiosa, de uma facção fundamentalista”.
Ao afirmar que não possui conta no Facebook por discordar dos conteúdos rasos de muitas postagens, ele lamentou que as redes sociais sejam tomadas por debates raivosos, com ataques gratuitos por ambas as partes:
“O que acho que falta hoje no Brasil, para avançar e chegar no ponto de uma democracia mais consolidada, um país mais forte, é o debate de grandes temas. A gente não sabe debater. Ou a gente é Jean Wyllys (deputado federal pelo PSOL-RJ) ou é Bolsonaro (deputado federal pelo PP-RJ)”.
Sobre o episódio no qual foi flagrado traindo a esposa, Dani Calabresa, Adnet disse que espera que as pessoas tenham ganhado muito dinheiro explorando o caso.
"Esse é um assunto que tive que vir a público, mas que me reservo, pois sei a divisão do que é público e o que é privado. Espero que as pessoas tenham ganho bastante dinheiro em cima de mim, enriquecido em cima do meu sofrimento, porque só assim alguém sai ganhando".