O tilintar da ficha com suas ranhuras características denuncia. Pisca na tela a mensagem insert coin (insira a ficha, em português). Na tela, um homem acerta um soco cruzado no rosto do seu oponente numa briga de rua. O público vibra, ergue os braços e cerra os punhos. Corta para a imagem de um prédio envidraçado, parece ser de uma metrópole. Num movimento de câmera, tal como no cinema, o olhar desloca para o topo do edifício. Lá, surge um outdoor em letras estilizadas nas cores amarelo e laranja: Street Fighter II.
Há 35 anos, essa franquia, criada pelo grupo Capcom Co Ltda Company, embala gerações de fãs do jogo que transformou a maneira de produzir games de luta. As trilhas eram inspiradas em elementos ligados com os países de origem dos personagens.
Quem é fã do clássico se identifica com a cena: olhos vidrados na tela, os seis botões do joystick (três para chutar e três para golpes de soco, ambos com intensidades fraca, média e forte) e a tela do mapa-múndi com as bandeiras dos países e o rosto dos lutadores Ryu, Ken, Guile, Chun-Li, E.Honda, Blanka, Dhalsim e Zangief, personagens com diferentes narrativas.
O que todos eles têm em comum? Precisam vencer o campeonato, derrotando um a um seus oponentes. Além dos lutadores, o game tem os chefões Balrog, Vega, Sagat e por fim M. Bison, líder da organização paramilitar criminosa Shadaloo. Com poderes psiquícos e extrema força, Bison é responsável — dentro da narrativa do jogo — por várias atrocidades contra parentes, amigos dos lutadores. Os chefes do jogo: Balrog, Vega, Sagat e M. Bison foram disponibilizados para serem escolhidos em Street Fighter II: Champion Edition.
Escolhido com quem você vai disputar a competição, o avião parte para o local do confronto. O som metalizado ressoa nos tímpanos e viajamos para o campo de batalha. Começa o primeiro round, e o narrador ordena: "fight". Chegou a hora: são 99 segundos. A barra de energia é vermelha e, a cada golpe no inimigo ou recebido, indica a quantidade de vida dentro do round. Chutes, socos e combos — combinações de golpes — faziam com que cada personagem expressasse dor.
Quem joga, precisa controlar o nervosismo quando o personagem é cercado por estrelas, que simbolizam uma tontura após levar os golpes do adversário. A versão mais clássica, a segunda edição, de 1991, ficou mundialmente famosa pelo sistema de combos (combinações de golpes especiais). Ao final, o que todos queriam ouvir era "You win" (você venceu).
Férias na praia? Não, no fliperama
Em meados dos anos 1990, guris e gurias, trocavam as tardes suarentas de verão, com o vento soprando em Imbé, Tramandaí, Capão da Canoa, Arroio do Sal ou Torres, para se espremerem em fliperamas, muitos localizados em galerias, centros comerciais. Era normal as turmas se reunirem em volta de alguém que estava quase "virando o jogo", que na linguagem dos videogames significa vencer a última batalha. Cada um segurando o seu tesouro: a fichinha, aguardando para chegar a sua vez de jogar. Na época, cada ficha custava R$ 1.
Na década seguinte, muitos jogos de fliperama foram parar dentro dos consoles de videogames, e com vantagens: não mais preciso gastar dinheiro em fichas — mesmo que elas não passassem de R$ 1, sobretudo no Litoral — e com mais qualidade de som e imagem. O acesso ao computador de uso pessoal (PC) com placa de vídeo de alta qualidade também é um ingrediente da derrocada dos fliperamas. Porém, foi a chegada de modelos como PlayStation 2 e XBox o golpe final no modelo mais saudosista, que ainda pode ser encontrado em lugares como shoppings ou bares.
Street Fighter: a origem
A saga Street Fighter tem origem com o guerreiro Ryu, em 1987. No jogo, o lutador japonês enfrentava adversários em sequência para, no final, ser o grande vencedor do torneio Street Fighter. Os gráficos ainda eram simples. Entretanto, os golpes clássicos hadouken e shoryuken já estavam disponíveis. Verdade que não se podia identificar com nitidez como era produzido o efeito, o que mudou de forma radical na versão de 1991, que conquistou o mundo. A primeira versão contava com dois botões, que dependendo da força com que se batia, o lutador realizava um golpe fraco, médio ou forte. No gabinete havia uma segunda entrada. Neste caso, outra pessoa podia, usando Ken, desafiar Ryu. O jogo acompanha os dois lutadores no torneio. Sagat, sem a cicatriz no peito, foi Ryu que o deixou marcado ao acertar o golpe do dragão (shoryuken) na luta final. Na versão de 91, Sagat, já aparece com a cicatriz e vê Ryu como seu grande inimigo.
Street Fighter VI
Em junho deste ano, a Capcom revelou o primeiro trailer de Street Fighter VI, previsto para sair em 2023 para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X | S e PC. Os fãs da franquia aguardam para, novamente, colocarem seus golpes à prova. Pelo trailer, o cenário será urbano, com grafite e músicas que remetem para a cultura da cidade. O total e os nomes de todos os personagens ainda não foi revelado, mas pelo trailer podemos ver, dentre os clássicos, Ryu, Chun-li e Guile. Enquanto a mais nova versão da saga não chega para o público, relembre alguns fatos sobre o clássico.
Quem criou Street Fighter
A ideia principal é de Takashi Nishiyama. O planejamento foi feito por Hiroshi Matsumoto e alguns dos retratos de personagens por Keiji Inafune.