É visível que, nos últimos anos, as feiras ecológicas têm conquistado grande espaço na rotina corrida das grandes cidades. Em Porto Alegre, não poderia ser diferente. Diversos bairros recebem semanalmente feiras que oferecem produtos advindos dos próprios agricultores, que, muitas vezes, fazem parte do sistema de agricultura familiar, propondo uma alimentação saudável e sem o uso de agrotóxicos.
Fruto de um movimento ambientalista e cooperativista do Estado, a Feira de Agricultores Ecologistas (FAE) teve origem em 1989, com edições mensais, ocorrendo sempre ao lado do Parque da Redenção, no bairro Bom Fim, na capital gaúcha. Unindo dezenas de agricultores de diversos municípios do Rio Grande do Sul, a feira começou a receber centenas de clientes e, em apenas dois anos, passou a ser semanal, já que a demanda era muito maior do que a esperada no projeto inicial.
O grande sucesso da Feira Ecológica do Bom Fim levou à criação de mais espaços com a mesma proposta, que passaram a se espalhar por toda a cidade. Para Irany Arteche, nutricionista que atua junto à agroecologia, à alimentação escolar e à alimentação saudável, esse crescimento e popularidade não foram por acaso.
— Ir à feira orgânica, sem pressa, adquirir vegetais colhidos poucas horas antes, diretamente das mãos de quem plantou, pagando um preço que não inclui intermediários, acabou se tornando um momento de lazer, que nos beneficia pela troca e pelo que adquirimos, incluindo um significativo conhecimento — explica.
Hoje, Porto Alegre possui grandes feiras em diversos bairros, recebendo centenas de pessoas todas as semanas. E elas não se limitam somente às ruas e praças — podemos encontrá-las até mesmo dentro de restaurantes, shoppings e condomínios. Além de movimentar a economia local e incentivar os pequenos produtores, as feiras também contribuem diretamente para a conexão das grandes cidades com o campo, aprimorando a relação de moradores de metrópoles com residentes de zonas rurais e propondo uma redução no consumo de produtos industrializados.
— Conhecer legumes e hortaliças além da mesmice padrão é entusiasmante. O respeito pelo tempo de produção em um ambiente agroecológico tem como resultado mais sabor, durabilidade, saudabilidade e mais variedade. Quando provamos um tomate que teve adubação orgânica, tempo de crescimento e maturação adequados, o dulçor, umami e acidez se impregnam na nossa memória gustativa. É um caminho sem volta — aponta Irany.
Frequentadora de feiras desde que elas existem em Porto Alegre, a nutricionista destaca que dificilmente uma pessoa que conhece o espaço pela primeira vez não se encantará com a enorme variedade de hortaliças, vegetais, frutas, produtos coloniais e outros alimentos. Além disso, esses produtos possuem preços menores quando comparados aos mercados tradicionais, uma vez que eles são adquiridos diretamente com os produtores, sem ter essa compra intermediada por terceiros.
Estar aberto ao novo
Para quem quer começar a frequentar feiras, Irany dá dicas importantes. Chegar cedo é uma das principais, já que é crucial confirir todas as bancas, para entender em que momento e em que safra estamos, já que nem todos os produtos podem ser encontrados o ano todo. Dessa forma, você poderá pesquisar preços, avaliar a qualidade dos produtos e conversar com calma com os donos das bancas. Assim, poderá entender como aqueles vegetais foram produzidos, por exemplo, e até mesmo conhecer novos vegetais, legumes e hortaliças.
— Aquilo que for desconhecido da pessoa, o agricultor conhece. Se tem na banca dele, ele conhece e vai saber recomendar o uso. Ampliar as possibilidades de uso do que tem na feira também é muito bom — aconselha.
Ao ir a uma feira orgânica, é preciso estar aberto a novas possibilidades. Irany recomenda que procurar o diferente, explorar novas alternativas e abrir o leque de sabores, preparos e nutrientes.
— Sair da monotonia e do cotidiano da nossa alimentação atual. Certamente, a pessoa que iniciar na feira sempre voltará com algum alimento a mais, e ela precisa buscar essa receita e esses modos de preparo — recomenda.
Descubra algumas feiras orgânicas e agroecológicas para visitar em Porto Alegre:
Feira dos Agricultores Ecologistas
Av. José Bonifácio, no bairro Bom Fim
Nos sábados, das 7h às 13h
@fae.feiraecologica
Feira Ecológica do Menino Deus
Av. Getúlio Vargas, 1384, no bairro Menino Deus
Nas quartas-feiras, das 11h30 às 17h30
Nos sábados, das 7h às 12h30
@feirameninodeus
Feira Ecológica Três Figueiras
Rua Coronel Armando Assis
Nos sábados, das 7h30 às 12h30
@feiratresfigueiras
Feira Orgânica Galpão do Plátano
Rua General João Manoel, 627, no Centro Histórico
Nas sextas-feiras, das 9h às 14h
@galpaodoplatano
Feira Ecológica Auxiliadora
Travessa dos Lanceiros Negros, no bairro Auxiliadora
Nas terças-feiras, das 7h às 12h
@feira.auxiliadora
Feira Ecológica Park Lindóia
Rua Eduardo Maurel Muller, no bairro Lindóia
Nos sábados, das 7h às 12h
@feiraecologicaparklindoia
Feira Agroecológica da Assembleia Legislativa
Na Assembleia Legislativa (Praça Mal. Deodoro, 101), no Centro Histórico
Nas quartas-feiras, das 10h30 às 17h30
Feira Orgânica da Restinga IFRS
Rua Alberto Hoffmann, 285, no bairro Restinga
Nas terças-feiras, das 16h às 20h
Feira Ecológica da Tristeza
Av. Wenceslau Escobar, 2415, no bairro Tristeza
Nos sábados, das 7h às 13h