Com a falta de vagas em hospitais psiquiátricos, postos de saúde ficam superlotados. Um dos casos ocorreu em Porto Alegre e foi denunciado pela entidade.
As imagens gravadas dentro do postão da Cruzeiro, na Zona Sul de Porto Alegre, mostram os pacientes da ala psiquiátrica deitados no chão e alguns em macas de ambulância. Os nomes deles estão nas paredes e nas portas (veja no vídeo acima).
O flagrante ocorreu na sexta feira (11). Eram 33 pessoas em atendimento psiquiátrico para um espaço que suporta 19 pacientes.
A prefeitura informou que resolveu o problema em menos de 24 horas. Hoje, o número de pacientes nos leitos psiquiátricos do postão caiu para 13.
A Secretaria Municipal de Saúde reconhece a defasagem nos atendimentos psiquiátricos. A promessa é de abertura novos leitos em até dois meses.
"Nós temos a abertura agora em julho de 30 leitos de internação para dependência química em jovens e adolescentes do sexo masculino no Hospital Santa Ana e estamos com edital pra sete Caps do tipo 3 ou 4 que abrirão 68 leitos de saúde mental na cidade ao longo do segundo semestre deste ano e primeiro semestre do ano que vem", afirma o secretário Erno Harzheim.
Não é só em Porto Alegre que isso acontece. Mais de 200 pessoas aguardam internação psiquiátrica em hospitais no Rio Grande do Sul, segundo o Sindicato Médico do estado (Simers).
"São doenças das mais variadas. Em geral, são surtos psicóticos. Em algum momento, a pessoa perde o controle sobre seus atos e não sendo possível tratar em ambulatório, porque tem risco de agressão e suicídio, ela é internada por alguns dias, até que a medicação tire ela de surto", explica o presidente da entidade, Paulo Argollo Mendes.
Por nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que busca atender as necessidades maiores e mais urgentes, e que apenas um hospital é do estado. Os demais são contratados e credenciados.
A secretaria admite que faltam dispositivos no atendimento a quem precisa de cuidados especiais, como doentes psiquiátricos, especialmente em urgências e emergências, e afirma que vem capacitando a rede de saúde mental para dar conta destes desafios.
Leia a nota na íntegra:
O estado dispõe de uma de atenção em saúde e saúde mental com a qual tenta atender as necessidades maiores e mais urgentes da população. Esta rede está composta pelos seguintes segmentos:
- Atenção primária: são as Unidades Básicas de Saúde e Saúde da Família, e, sua missão é de atender os casos leves e moderados de saúde mental; estão em todos municípios gaúchos;
- Atenção Secundária: formada basicamente pelos CAPS e pelos leitos hospitalares, seja em hospitais gerais ou especializados. Os casos graves de saúde mental devem ser tratados neste nível de especialização, tanto em situação de crise - internação hospitalar - quanto de acompanhamento fora da crise - nos Caps. Temos 203 Caps no RS e cerca de 2000 leitos hospitalares;
- Atenção Terciária: formada pelas Comunidades Terapêuticas, Residências Terapêuticas, Unidades de Acolhimento, destinam-se à tarefa de Reabilitação Psicossocial;
- Quanto ao investimento do estado nessas áreas é total, ou seja, da malha hospitalar, por exemplo, apenas um hospital é do Estado, os demais são contratados e credenciados;
- O que faltam nas tecnologias assistenciais, especialmente, hospitalares, são dispositivos que deem conta de certos segmentos necessitados de cuidados especiais, tais como adolescentes, gestantes, baixas involuntárias, dependência química, terceira idade, doentes psiquiátricos com problemas clínicos e outras condições clínicas;
- Evidentemente, estas condições enumeradas acima estão majoritariamente nas Urgências\Emergências;
- Situação esta que acaba impactando também a rede ambulatorial de atendimentos;
- O estado através de suas políticas de saúde mental vem capacitando a usa rede de saúde mental para dar conta destes novos e importantes desafios.