A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) deflagrou nesta quinta-feira (9) a Operação F100, na Serra. A Polícia Civil flagrou um grupo criminoso organizado de Caxias do Sul que cometia crimes como furto de veículo, receptação, estelionatos, extorsão e lavagem de dinheiro. Entre os esquemas do grupo, estava a venda de dados de vítimas para detentos de vários estados do Brasil e a clonagem de cartões de crédito.
Nesta quinta, três mandados de busca foram cumpridos, dois em Caxias e um em Bento Gonçalves. Ainda conforme a Polícia Civil, o grupo seria comandado por um detento que está no Presídio Regional de Caxias do Sul (Pics) e se comunicaria por celulares que entram de forma ilegal na cadeia.
Segundo a polícia, a companheira deste detento, uma contadora que atua em Bento Gonçalves, também o auxiliava diretamente. Além de receber parte dos objetos receptados, ela administrava os valores obtidos pelo grupo. A mulher foi presa em flagrante nesta quinta, na ação em Bento, com a posse de objetos adquiridos ilegalmente pela quadrilha.
De acordo com a investigação, o grupo também utilizava os cartões para adquirir produtos de alto valor, como eletrônicos, eletrodomésticos e veículos. O grupo também comprava itens como materiais de construção, pneus, vestuários, calçados, joias e produtos de beleza. Alguns seriam para uso próprio e outros eram revendidos, gerando lucro para os suspeitos.
Como explica o titular da Draco, Luciano Righês Pereira, o recebimento era em dinheiro, dificultando rastreamento pelas autoridades. Com esse lucro, por exemplo, o grupo adquiriu seis motos com valor unitário de R$ 40 mil, totalizando R$ 240 mil apenas nas motocicletas. Além disso, o grupo estava adquirindo maquinário para confeccionar placas automotivas para o emplacamento e transferência dos veículos comprados por eles.
Como funcionava o esquema
Conforme a Draco, o número de pessoas que tiveram seus dados utilizados no esquema criminoso ainda é levantado. A investigação aponta que o líder desse grupo adquiria cadastros com outros detentos ou pessoas ligadas a empresas que possuem bancos de dados. A partir disso, eles tinham acesso a informações como nomes, CPFs, endereços, score bancário e até restrições de créditos.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, dados de pessoas do Rio Grande do Sul eram revendidos para detentos de outros estados ou ainda trocados por informações de vítimas de outras partes do Brasil. A investigação explica que esta era uma estratégia para dificultar que as vítimas identificassem o uso indevido dos dados pessoais.
A Draco ainda investiga como os cartões bancários eram emitidos. Mas, uma hipótese é de que os suspeitos abririam contas bancárias digitais, com cartões de crédito digitais para uso exclusivo para compras pela internet. Conforme as autoridades, o líder do grupo, de dentro do presídio, utiliza os cartões em compras online.
Após as aquisições, o detento indicava endereços para entregas, que eram dos integrantes do grupo.