Tudo o que se está vivendo é novo. Nunca antes na história uma paralisação durou tanto tempo para o setor econômico. Automaticamente, nos dá números inéditos, como a queda do PIB brasileiro em 9%. Para o economista e professor da UCS, Mosár Leandro Ness, o efeito colateral de empobrecimento e fome só não foi maior pelas medidas adotadas pelo governo.
Para ele, as perspectivas de recuperação são boas. Não há uma destruição da estrutura produtiva, mas ainda existem medidas a serem tomadas.
— O desafio para que mantenhamos uma trajetória de crescimento sustentado passa pelo ajuste das contas públicas, em especial sob a ótica dos gastos dentro do teto. Com isso, poderemos viabilizar uma trajetória de crescimento com juros equilibrados. Some-se a realização das reformas administrativas e, principalmente, a tributária, necessária para alavancar a retomada — ressalta Ness.
Segundo o economista, há alguns sinais de retomada. O mercado de trabalho formal teve saldo positivo no mês de julho, só que o informal levará mais tempo para se recompor. O alento é que já passamos pelo pior momento da crise.
— Quanto ao cenário imediato, não acredito que seja igual ou pior aos primeiros seis meses. Já estamos adaptados ao trabalho à distância e a queda da renda já foi absorvida pelas famílias. Acredito que o pior da crise já passou — destaca.
No entanto, crises trazem ensinamentos. Esta é a primeira na história de origem sanitária e nem todas as medidas tomadas foram acertadas. Mas servem de aprendizagem.
— No caso gaúcho, o ideal seria paralisar a partir do momento em que a curva de contágio se tornou ascendente. Uma quarentena total de 14 dias poderia ter logrado o efeito de salvar vidas, empresas e empregos. Fica a lição — avalia Ness.
A espera de uma vacina
A pergunta que vale mais de R$ 1 milhão é simples: quando teremos uma vacina?
Ela é tão valiosa que o anúncio de interrupção dos testes da empresa AstraZeneca fez as ações da empresa despencarem 6% durante esta semana. Para se ter uma ideia, existem 34 vacinas sendo testadas em humanos no mundo e apenas a Sputnik V foi homologada na Rússia. Esta é controversa e sem aval da OMS. Isso porque os resultados ainda são inconsistentes. Ainda assim, 50 milhões de doses deverão vir para o Brasil. O Paraná será o primeiro Estado a receber.
Só que nesses seis meses a ciência evoluiu. Um exemplo são as máscaras de pano, que de ineficazes passaram a item obrigatório. Elas ajudam a preservar vidas e a reduzirem a intensidade da infecção. Tudo é muito novo e o campo científico está avançando para entender melhor esse vírus. Recentemente, estudos dos Estados Unidos mostram que pacientes que contraíram o vírus podem ter sintomas por três meses.
O certo é dizer que tudo será um grande aprendizado para a humanidade.
— Certamente teremos novas pandemias. O ideal é que essa situação que a gente viveu – e já foi bem mais organizada que a pandemia de Influenza A – possa fazer que medidas de prevenção sejam feitas com a população e que o impacto não se repita da mesma forma —opina a infectologista Viviane Buffon.
Leia mais
Seis meses de covid-19 na Serra: O que os prefeitos da região pensam sobre a pandemia
Após seis meses na Serra, a pandemia de coronavírus exige novos desafios
Seis meses de covid-19 na Serra: sairemos melhores do que entramos?