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"Não houve negligência, foi uma fatalidade", diz neta de vítima do surto de covid-19 em lar de idosos de Gramado

Nove moradores do Santa Ana Residencial Geriátrico morreram em pouco mais de uma semana

Marcelo Casagrande / Agencia RBS
Residencial geriátrico fica no no bairro Vale das Colinas

O surto de covid-19 no Santa Ana Residencial Geriátrico, em Gramado, fez mais duas vítimas nesta quinta-feira, totalizando nove desde o último dia 9. Os casos mais recentes foram uma mulher de 80 anos e um homem de 75, que morreram durante a tarde na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Miguel.

Até o início da noite, três idosos e dois funcionários do residencial, localizado no bairro Vale das Colinas, permaneciam internados. A casa geriátrica de alto padrão tinha 30 residentes, sendo que 22 deles testaram positivo para a doença. Entre os 37 funcionários, 15 foram contaminados, totalizando 36 casos positivos para a doença relacionados ao surto. O Ministério Público (MP) aguarda informações da clínica e da Secretaria Municipal da Saúde, mas não estabeleceu um prazo para resposta aos ofícios. 

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Moradores de Gramado lamentam o episódio no lar geriátrico, mas classificam a situação como uma fatalidade. A Santa Ana é conhecida na cidade pelo alto padrão de atendimento e por ser uma opção para famílias com condições de oferecer cuidados paliativos a idosos com doenças severas no fim da vida. A reportagem conversou com a neta de uma das vítimas, que pediu para não ser identificada. Confira os principais trechos:

 Desde quando a sua avó vivia na casa?

Ela tinha 83 anos e histórico de Alzheimer há oito. Em maio, teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) muito extenso. Ela ficou ainda mais debilitada e precisaríamos contratar técnicos em enfermagem para cuidar dela 24 horas por dia. Quando começamos a contatar os profissionais, percebemos que todos eles trabalham pelo menos um turno no hospital, então o risco seria grande. Não íamos conseguir nos isolar totalmente. Foi uma decisão muito dolorida, mas pensamos no melhor para ela.

 Então, optaram pela casa geriátrica?

Eles já tinham a infraestrutura que a gente precisava, com a atenção permanente de enfermagem. Tínhamos conhecidos, alguns médicos e dentistas, pessoas da área da saúde, que tinham os pais lá em situação muito parecida com a nossa. Ela sempre foi muito bem cuidada, faziam muito além da casa geriátrica. O próprio doutor Ubiratã (Oliveira, proprietário do residencial) passa todos dia em visita e avalia os sinais vitais. Depois, nos passavam informações, tudo sempre foi muito transparente.

 Como foi o contato com a tua avó durante esse período?

Em períodos de bandeira laranja, a gente podia ir até a casa e ver ela através de uma janela, fora as ligações diárias com a equipe. Isso amenizava um pouco. Entre junho e agosto, ela precisou ser hospitalizada três vezes por que teve complicações com as sondas. A gente tinha serviço de ambulância contratada, então ela foi direto para o hospital.

 A senhora acha que houve negligência?

Ela foi super bem cuidada, o atendimento foi humanizado e tentaram minimizar o sofrimento da distância. Não houve negligência, foi uma fatalidade. O primeiro contaminado também é vítima e não pode ser julgado. É um momento muito difícil para todo mundo.

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