Perceber os sintomas é uma das maneiras de garantir o diagnóstico precoce que pode ser decisivo na luta das crianças e adolescentes para vencer o câncer infanto-juvenil. Isso porque, os sinais são parecidos com o de outras doenças, que podem ser consideradas comuns e passam desapercebidos pelos pais e até mesmo pelos profissionais da saúde. Pensando em alertar sobre a doença e em reivindicar os devidos investimentos na assistência aos pacientes que "valem ouro", o dourado foi a cor escolhida para o mês dedicado a combater a doença.
Bento Gonçalves está engajada e participa do Setembro Dourado pelo sexto ano consecutivo com uma campanha informativa coordenada por um grupo de voluntárias. As atividades serão concentradas no sábado (19), com a visita do Leão da Coragem à cidade. Em 2020, as ações do município passam a contar com o reconhecimento oficial do Instituto do Câncer Infantil (ICI), que tem sede em Porto Alegre e presta assistência a pacientes de oncologia pediátrica em todo o Estado.
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O mascote do ICI e voluntários da campanha farão um pedágio informativo na Praça Vico Barbieri durante a manhã. Outra novidade é que a partir desse ano, a empresária de Bento, Renata Sandrin, que já era embaixadora do ICI, passa a integrar o Conselho de Administração do Instituto para a gestão 2020/2024, o que possibilita ainda mais o fortalecimento da campanha no município.
Há 15 crianças e jovens de Bento Gonçalves com tratamento multidisciplinar vinculado ao Instituto do Câncer Infantil. O atendimento a esses pacientes ocorre na própria sede do Instituto ou no Hospital Geral de Caxias do Sul, um dos seis complexos hospitalares no Estado que têm centros de referência em oncologia pediátrica conveniados ao ICI.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Nas crianças, a doença é mais agressiva do que em adultos, porque as células que sofrem a mutação não conseguem amadurecer como deveriam e permanecem com as características semelhantes da célula embrionária, multiplicando-se de forma rápida e desordenada. Por outro lado, os jovens reagem melhor ao tratamento, com 80% de chances de cura, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Essa é inclusive, a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.
Para ter as melhores chances de cura, o paciente de câncer infantil precisa de acesso rápido a centros de atendimento especializados. Contudo, não se trata apenas do paciente, mas do acolhimento à família, já que o diagnóstico abala o emocional dos familiares e afeta a capacidade de trabalho dos pais e por consequência, as condições econômicas:
— A importância do Setembro Dourado está em criar um espaço para debatermos melhores políticas públicas de atenção integral ao paciente, assim como refletir sobre a importância da solidariedade e apoio a essas famílias para que nada lhes falte e elas tenham a chance do melhor tratamento — afirma o médico Algemir Lunardi Brunetto, um dos fundadores do ICI e atualmente superintendente da instituição.
Ele acrescenta ainda que a resposta terapêutica nos casos de uma assistência integrada, com profissionais de diferentes especialidades cirúrgicas e pediátricas, costuma ser excelente na recuperação dos pacientes. O médico lembra ainda que o trabalho do Instituto é permanente, mas ganha ainda mais visibilidade no mês de setembro. Com a pandemia de coronavírus, a campanha Setembro Dourado tem um papel ainda mais essencial para alertar sobre a doença. Para Brunelli, os novos casos devem estar aumentando sem um diagnóstico adequado devido às restrições no sistema de saúde que acarretam em desassistência.
— O momento é difícil, mas com a conscientização de todos —agentes de saúde, políticos, imprensa e sociedade em geral — podemos buscar que o dano seja o menor possível. Em relação aos pacientes já em tratamento, é crucial que não deixem de ir ao hospital e cumpram seu tratamento na íntegra.
SEM PROGRAMAÇÃO EM CAXIAS DEVIDO À PANDEMIA
Em Caxias do Sul, em função da pandemia, não há ações programadas, mas estão previstas publicações de peças publicitárias que alertam para os sintomas que ajudam a identificar o câncer com antecedência, o que aumenta as chances das crianças de enfrentar a doença.
— Nossa entidade trabalha fortemente para ampliar o acesso às informações e, assim, tentar elevar o percentual de cura do câncer pediátrico. É difícil admitir uma criança com câncer. A nossa missão é tentar fazer com que a doença seja um peso mais leve para as crianças e as famílias. A divulgação dos sintomas é um dos maiores alertas para conscientizar pais e responsáveis — alerta o diretor-executivo da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente com Câncer da Serra Gaúcha (Domus), Rocco Francesco Donadio.
Atualmente, há 15 famílias que são assistidas pela Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente com Câncer da Serra Gaúcha (Domus). Eles recebem doações de cestas básicas, atendimentos esporádicos na área da psicologia, assistência social, e de odontologia. Para as crianças são repassadas tarefas de pintura, montagem e colagem virtualmente todas às sextas-feiras.
— Na casa em função da pandemia não temos atividade. Só as administrativas. Que quiser nos ajudar estamos, full time, com a campanha Doe Tampinhas. Elas são vendidas para reciclagem e a renda nos ajuda na manutenção da casa — pede o diretor-executivo.
Há diversos pontos de coleta que podem ser localizados nas redes sociais da entidade. Também podem ser feitas doações mensalmente com depósitos na conta da entidade. Para saber mais, contate pelo telefone (54) 3221-0849.
FIQUE ATENTO AOS SINTOMAS
:: Febre prolongada e persistente, que não venha acompanhada de sintomas como os da gripe.
:: Perda de peso inexplicada, súbita, sem que haja alteração na dieta.
:: Dores de cabeça com aumento de intensidade e que pioram com o tempo. Geralmente acompanhadas de vômito, principalmente pela manhã.
:: Cansaço constante sem que a criança ou adolescente tenha feito esforço físico significativo.
:: Aumento do volume da barriga ou de outras partes do corpo e inchaço.
:: Manchas roxas na pele.
:: Dores nos ossos e nas articulações.
:: Sangramento e reflexo esbranquiçado nos olhos.
:: Caroços pelo corpo: aparecimento de hematomas sem pancada local.
:: Palidez e anemia inexplicada. Alteração ocular durante exposição à luz que costumam aparecer no pescoço, axilas, virilhas, abdome ou nas "saboneteiras". Para não confundi-los com ínguas é válido observar se continuam aumentando de tamanho com o passar do tempo. Geralmente, não são associados a dores de garganta.