Nesta quarta-feira (2), Caxias do Sul chegou a triste marca de 100 óbitos decorrentes de complicações causadas pela covid-19. Foram 55 homens, entre 32 e 94 ano, e 45 mulheres, entre 33 e 97 anos. A morte mais recente confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde foi a de uma idosa de 73 anos, que não tinha outras doenças. Ela foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral no dia 3 de agosto e morreu nesta terça (1).
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Apesar de estarem espalhadas por 40 bairros, as comunidades com maior incidência parecem não ter sido impactadas por essas perdas no que se refere a mudanças de comportamento. O Desvio Rizzo é o que teve mais mortes da cidade. Foram 11 vidas perdidas. A presidente da Associação de Moradores do Bairro (Amob), Izabete Toss Lima, não soube dizer se os óbitos ou os 178 casos confirmados afetaram de alguma forma a rotina da comunidade.
Já no Santa Catarina, o presidente da Amob, Jones Luiz Perin, disse que as pessoas parecem não terem sido impactadas pelas 10 mortes registradas por causa do coronavírus. Segundo ele, os protocolos adotados por estabelecimentos comerciais do bairro, como a exigência do uso da máscara, do álcool gel e outras medidas de higienização ajudaram muito a população que precisa sair de casa para as compras.
– Aqui o pessoal questiona onde estão estes casos que eles não vêem. Não é algo palpável para eles – comenta Perin.
No Rio Branco, Sérgio Roberto Scola, que dirige a Amob, diz que o bairro é grande, tem 18 mil pessoas, e que é difícil que todos se cuidem como deveriam, mas que a maioria está preocupada.
– As pessoas estão preocupadas no geral, tentando se resguardar, mas em relação ao número de mortes, pelo que vi, não estão se conscientizando muito – disse Scola referindo o percentual de 6,3% de mortes em relação aos 133 infectados.
O Santa Fé empata em número de óbitos com o Centro, cada um com cinco, mas o bairro da Região Norte tem mais casos positivos (270), enquanto o Centro tem 222.
A psicóloga do projeto Mão Amiga, Emilly dos Santos Gomes, que atende no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Santo Antônio, com sede no Santa Fé, acredita que o avanço da doença no bairro está relacionado ao comportamento dos moradores e à questão de vulnerabilidade social:
– Se passar pelo bairro, não existe isolamento, as quadras de esportes estão cheias, as ruas também. Então, acredito que é pela não conscientização e porque eles não têm condições de fazer o isolamento que gostaríamos. Temos uma região onde as casas são pequenas e a quantidade de moradores é grande. Para eles conseguirem sentir isso (impacto das mortes) só se for na família ou amigos próximos, porque acaba sendo uma questão muito distante.
Ainda conforme Emilly, o serviço alcança 80 famílias que recebem, além da alimentação, máscaras e álcool gel. Mas a maioria dos moradores do bairro ou tem dificuldade para conseguir esses itens ou não tem acesso. O presidente da Amob não atendeu às ligações. A reportagem fez contato com a presidente da Amob do Centro, mas ela também não retornou às ligações.