Desde o dia 11 de março, quando Caxias do Sul registrou a primeira infecção por coronavírus, 16 setores da administração municipal já tiveram casos da doença. Desse total, 13 são secretarias e os demais são Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam), Fundação de Assistência Social (FAS) e Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). O balanço é da Secretaria de Recursos Humanos e Logística, que não levou em conta a Farmácia do Ipam, a Festa da Uva SA e a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul, que possuem capital misto.
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De acordo com a secretária Valéria Wormann, até agora, dos cerca de 7 mil servidores da administração direta e indireta, 143 foram infectados pela doença, o que representa cerca de 2% do total. Desses, quatro precisaram ser internados (três estão hospitalizados atualmente) e um servidor morreu há cerca de 30 dias. Ele tinha comorbidades e foi internado por outras razões, mas desenvolveu a covid-19.
Além do afastamento de servidores contaminados, os casos de covid-19 também obrigam, em alguns casos, a sanitização dos espaços, com interrupção das atividades. Ainda assim, Valéria afirma que os números estão abaixo do que era esperado no início da pandemia.
— Havia um prognóstico para o município como um todo, de que teríamos 10% da população contaminada. Na época perguntamos para a Andréa Dal Bó (então diretora das vigilâncias em Saúde) se esse percentual poderia ser aplicado a esse universo mais restrito de servidores e ela disse que sim. Pelo que percebemos, foi bem abaixo disso. O número é pequeno e conseguimos monitorar — avalia.
Embora o vírus tenha contaminado servidores de cerca de 70% das 18 secretarias do município, sem contar a administração indireta, a prefeitura considera que apenas um surto foi registrado até agora no setor público. Foram quatro casos contabilizados nesta semana na sede da Secretaria Municipal da Educação (Smed), que obrigou o fechamento temporário do espaço para sanitização na última terça-feira (8).
— O que a Secretaria da Saúde considera surto são pelo menos dois casos simultâneos. Em três secretarias, por exemplo, houve dois, mas não no mesmo período. Em outra, eram dois simultâneos, mas entre servidores que nunca se encontravam, um deles até estava em teletrabalho — lembra Valéria, sem revelar as pastas.
Conforme a secretária, entre as medidas preventivas adotadas pelo município estão a distribuição de máscaras e álcool gel, tapetes sanitizantes e termômetros infravermelhos, além de distanciamento entre servidores e trabalho remoto, quando é possível. Em casos em que o home office não é viável, organizou-se uma escala de revezamento.
Já quando um servidor apresenta sintomas, ele é afastado e passa por exame PCR, que detecta a presença do vírus. Colegas que entraram em contato com a pessoa também realizam o exame.
— Quem que esteve em contato com positivados fizemos o PCR e, até agora, nenhum positivou. Avaliamos que o pessoal está se cuidando — observa Valéria.
Empresas de capital misto
Entre as empresas de capital misto, a Farmácia do Ipam não registrou, até agora, nenhum caso de coronavírus entre os funcionários. Segundo a diretora administrativa, Valquíria Vaccari, apenas duas pessoas foram afastadas porque os cônjuges tiveram covid-19. O retorno ocorreu somente após a apresentação de um exame PCR com resultado negativo. Nos últimos dias, testes rápidos também não detectaram anticorpos em nenhum colaborador.
— Temos muito álcool gel, usamos máscaras o tempo todo, limpamos o chão da loja de duas em duas horas com água sanitária e também limpamos o balcão com muita frequência. Não descuidamos em momento nenhum da limpeza — afirma a diretora.
Situação semelhante ocorre na Festa da Uva S.A. Não houve registro de casos ou sintomas entre os três diretores, dois estagiários e equipe terceirizada. Segundo o presidente, Bruno Brunelli, a maior parte dos atendimentos é realizado de forma remota.
— Como o parque está fechado como um todo, não tem muito contato — observa.
A reportagem também procurou a Codeca, mas até as 12h40min não havia obtido retorno.