O segundo dia de abertura oficial das agências do INSS é de menor procura presencial, mas de usuários que ainda buscam por uma solução. Na manhã desta terça-feira (15), interessados em receber os serviços prestados iam até a agência localizada na Rua Visconde de Pelotas, em Caxias, mas acabavam apenas ouvindo orientações de servidores que ficavam na porta de entrada. Ao contrário de segunda-feira, não houve filas. Mesmo assim, cerca de três pessoas chegaram no período de uma hora, entre 7h e 8h. A procura deverá seguir gradativa durante o dia já que a maioria reclama de falta de soluções no atendimento divulgado como opção, pelo número 135.
— Não dava certo. Diziam que era pra eu esperar e tinha vezes que não conseguia falar com ninguém, caia também — contava Elisabete Rodrigues, 58 anos, na entrada da sede. Ela havia se deslocado até a agência por transporte de aplicativo e gastou R$ 24 só de ida desde o bairro Iracema. Elisabete foi renovar uma procuração do marido, referente à aposentadoria. No local, recebeu a informação que o prazo está prorrogado até 30 de setembro.
Do lado de dentro da agência, o amplo espaço estava vazio, assim como as onze salas destinadas aos médicos peritos que não voltaram ao trabalho. Somente nesta terça-feira, 120 pessoas haviam agendado perícia. Nenhuma será atendida. Questionada pela reportagem, a gerente da agência Caxias, Elenilce Tomiello, explicou que os médicos estão ligados à Secretaria da Perícia Federal, sob o comando do Ministério da Economia, que seguem a orientação da Associação dos Médicos Peritos. Em Caxias, cada sala possuía tela de acrílico nas mesas para separar o contato entre médico e paciente, assim como um kit de materiais necessários como verificador de pressão arterial.
— Compete à perícia médica responder quantos irão retornar e quando. Eles alegam questões de saúde pública e argumentam que as agências do INSS, como a de Caxias, não estariam nos pré-requisitos que eles exigem. Nós servidores atendemos as mesmas pessoas que os médicos peritos atenderiam e estamos atendendo. Os equipamentos de EPI e os ambientes estão preparados. Agora, a perícia médica está fazendo exigências que podem demandar tempo e dinheiro. Dinheiro que vem do contribuinte! — ressalta.
A orientação ao segurado que tem perícia agendada em Caxias é ligar o número 135 para remarcar a data. No entanto, há informações em nível nacional que as perícias serão agendadas novamente de forma automática.
— A orientação é que será remarcada pelo 135, não saiu normativa interna sobre ser remarcada automaticamente, mas isso seria o natural e normal. Mesmo assim, o filiado deve ligar e acompanhar para ver que dia vai ser a data da nova perícia. Até o momento não foram remarcadas — afirma.
A prioridade dos atendimentos são os cumprimentos de exigências. O segurado que encaminhou algum benefício no INSS deve entrar no aplicativo Meu INSS ou ligar e verificar se já foi feita a exigência para comparecer ao local. Também há atendimento sobre monitoramento operacional de benefício; avaliação social e justificações administrativa e social, além de casos de reabilitação. Para essas questões, o INSS que está chamando as pessoas, afirma a gerente.
De acordo com ela, não é possível ter um número de pessoas que ainda aguardam por perícia somente em Caxias, já que o sistema é nacional. Apenas o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) , para pessoas com deficiência, soma cerca de 500 mil em espera no Brasil.
Enquanto as marcações seguirem dependendo de atendimentos instáveis do número 135, pessoas como o aposentado Salvador Vidal, 67 anos, tentam resolver suas questões sem sucesso.
— Estou sem receber aposentadoria desde março do ano passado. Antes da epidemia mandaram eu fazer um papel, não adiantou. Nem preciso de perícia, só preciso marcar presença porque no sistema dá que estou morto. Não consigo por internet nem por nada — diz o aposentado Salvador Vidal, 67, que relatou ter ouvido do atendimento telefônico que deveria ir até a agência, mas no local foi orientado a telefonar novamente para o nº 135.
A reportagem tentou contato com representante dos médicos peritos de Caxias, mas a informação é de que posicionamentos oficiais são feitos apenas pela 3ª Coordenadoria Regional de Perícia Médica, com sede em Florianópolis. O contato divulgado pelo local, no entanto, não está disponível.
Além do nº 135 apresentar problemas, o aplicativo Meu INSS tem instabilidade, dificultando ainda mais os processos. As agências do INSS ficaram fechadas por mais de cinco meses, tempo que o público considera necessário para ter ocorrido uma preparação eficaz.