A declaração do vereador Flavio Cassina (PTB), logo após tomar posse como presidente do Legislativo, de que é a favor de que o plenário acolha o pedido de impeachment contra o prefeito Daniel Guerra (PRB) protocolado pelo agora ex-vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu (Avante), confirma o que ele havia declarado durante discussões anteriores, de que iria votar favoravelmente à admissibilidade de todos os pedidos que ingressassem na Casa. Fabris esteve prestigiando a posse do petebista.
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Presidente da Câmara defende a admissibilidade do pedido de impeachment de prefeito de Caxias do Sul
Cassina garante que não guarda rancor, nem tem problema de mágoa em relação ao chefe do Executivo e ex-colega na Câmara de Vereadores. Chegou a dizer:
— Alguns segmentos da imprensa me jogam contra o homem, mas não tem nada disso.
Só que, ao defender que o plenário aprove o acolhimento do pedido, deixa claro que, se depender dele, não vai ser fácil para Guerra. Pelo novo comando da Casa, haverá novamente instalação de Comissão Processante, o que significa farta exposição da imagem do prefeito.
Cassina e Guerra tiveram vários embates em 2015, quando o petebista presidiu a Casa pela primeira vez.
Em seu discurso, o presidente afirmou que não está na Câmara para atender interesses de um ou outro partido e nem tem cobiça pelo poder.
Com a renúncia de Fabris, Cassina assume a prefeitura em um eventual impeachment.
— Nada vai atrapalhar o bom andamento dos trabalhos. Sou da teoria que quem não pode ajudar não atrapalha. Por minha causa, não vai deixar de acontecer nada que tenha que acontecer na comunidade — insistiu Cassina na entrevista.
"Pau no Daniel Guerra"
A presidência sob o comando de Cassina é vista por governistas como sinônimo de um período difícil para Guerra. Não foi à toa que o vereador Elói Frizzo (PSB), que reassumiu o mandato nesta quarta-feira devido à mudança no Governo do Estado, ao final do discurso de Cassina, tenha dito:
— Pau no Daniel Guerra.
Ele conversava com Gladis Frizzo (MDB). O microfone estava aberto.
A admissibilidade do pedido de impeachment vai à votação na primeira sessão ordinária, em 5 de fevereiro.
"Tirou o bode da sala"
Elói Frizzo, agora ex-CC do Governo do Estado, disse que a saída de Fabris "tirou o bode da sala". O vereador foi o relator do pedido que teve a admissibilidade aceita pelo plenário no terceiro pedido de impeachment protocolado. O atual pedido é o quinto, o segundo de autoria de Fabris.
Pela falta de votos para aprovar a cassação, em abril passado, Frizzo acabou dando parecer pela improcedência da denúncia.
Agora, o conhecido adversário de Guerra diz que, com a saída do vice, a Câmara tem condições de se aprofundar na análise do que está contemplado no eventual pedido de impeachment.
Assim como Cassina, ele já abriu o voto. É favorável ao acolhimento. Disse ter lido boa parte da peça e tem muitos fundamentos, especialmente na questão da saúde.
— Não tem por que a Câmara não admitir pelo menos a análise do pedido. Eu acho que isso é uma questão, para mim, tranquila. Espero que seja para os outros vereadores — afirmou.
Olhar do autor
O autor do pedido de impeachment, Ricardo Fabris de Abreu, reconhece que seu desejo não deve ser atendido pela Câmara.
— Como o julgamento é político e administrativo, não vão querer trocar agora (o prefeito), o foco será na eleição em 2020.
Sobre os últimos acontecimentos que o envolvem, resumiu:
— Acho importante ter feito isso (protocolar o impeachment) e ter saído, porque eticamente me colocava numa posição desagradável. O primeiro pedido foi uma resposta à ação de quererem cassar o meu mandato (ofício do então chefe de Gabinete, Júlio César Freitas da Rosa, após Fabris ter avisado que renunciaria em março de 2017). Mas esse segundo, tenho convicção da propriedade das matérias colocadas.
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