O presidente Jair Bolsonaro (PSL), após ser empossado nesta terça-feira (1º), fez um discurso bem ao agrado de seu eleitorado, quando falou, no parlatório, aos populares que foram acompanhar sua chegada ao poder. No Congresso Nacional, no ato de posse, foi mais ameno. À massa de apoiadores que gritava "o capitão chegou" e "mito, mito", o novo presidente disse que se colocava diante de toda a Nação "como o dia em que o Brasil começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto". O final não poderia ser mais ao gosto de seus apoiadores, ao mostrar a bandeira do Brasil. Ele fez uma clara alusão à marca da disputa contra o PT e a esquerda, uma vez que a expressão "nossa bandeira jamais será vermelha" foi muito badalada durante a campanha.
— Essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha, se for com o nosso sangue para mantê-la verde e amarela — finalizou, sendo ovacionado.
Antes, ele destacou que a eleição deu voz a quem não era ouvido, que vai promover as transformações de que o país precisa e que foi eleito com a campanha mais barata da história. Sem citar partidos, disse:
— Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros. Ideologias que destroem nossos valores e tradições, destroem nossas famílias, alicerce da nossa sociedade.
No Congresso, Bolsonaro pediu apoio. O ex-deputado federal, embora sempre diga que fará política diferente, sabe que precisa do Congresso. Lá, ele também se referiu a questões que ajudaram a alavancar sua candidatura, bem na linha do lema Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.
Ele citou, por exemplo, combate à ideologia de gênero, assunto muito explorado na campanha e que evita a abordagem de forma concreta de temas sobre a retomada do crescimento do país.
O presidente afirmou que seu governo irá unir o povo, que fará um governo "sem divisão e discriminação". A união é um desafio importante e árduo diante das marcas deixadas neste pleito.
Quebra de protocolo
Chamou atenção o fato de a primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, discursar. Antes de o presidente se manifestar no parlatório, Michelle agradeceu, em libras, familiares, amigos e a população brasileira pelos "momentos difíceis que meu esposo passou recentemente".
Michelle ainda afirmou que estará engajada de modo especial com a comunidade surda e de pessoas com deficiência.
E teve beijo oficial para delírio do público que foi a Brasília acompanhar a solenidade.
Prestígio ao filho
O desfile em carro aberto, acompanhado por grande número de populares, contou com o filho Carlos (ele não disputou a eleição neste ano, diferente de Flávio, que se elegeu senador, e de Eduardo, que se reelegeu deputado federal).
A presença de Carlos é significativa, uma vez que haveria sugestão para que ficasse um pouco mais isolado dos filhos. Assim, o pai reforçou a participação de sua família. Carlos é considerado o "pitbull" do clã Bolsonaro.
Michelle também citou nominalmente o enteado Carlos, agradecendo pelo apoio durante o período pós-atentado a Bolsonaro.
:: Quem foi visto na posse, no Congresso Nacional, próximo aos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor, foi o ex-deputado federal Mauro Pereira (MDB).