Já escrevi outras vezes sobre isso. É que faz falta, e o espírito assim exige. Nesses tempos de barbaridades frequentes, ceticismo geral e desesperança crescente, de alguma tristeza discreta e represada nos muros cada vez mais altos da individualidade, dos dias que passam sem muito alento, nesses tempos de distanciamento e recolhimento, uma palavra esquecida, tão familiar que era nos Anos 60, 70, 80, pode colaborar. Falava-se muito em utopia naqueles anos, uma palavra que enchia corações. Nos Anos 90, porém, utopia começou a naufragar, não por acaso, quando passou a emergir a cultura do resultado. Utopia e resultado foram radicalmente contrapostos. Então, utopia passou a ser desacreditada sistematicamente, sob acusação de não ter serventia para o propósito de obter resultados, e restou completamente adormecida, subestimada, esquecida ou simplesmente ignorada e desconhecida. Notem que, não por acaso, os tempos de agora são de desesperança.
Opinião
Ciro Fabres: coração civil
Utopia é útil para resultados generosos. Se surgisse nos dias de hoje, "Coração Civil" não tocaria em rádio