Os Estados Unidos anunciaram, nesta sexta-feira (18), a adoção de restrições para "mais de 250 funcionários" da "ditadura" da Nicarágua no sétimo aniversário dos protestos antigovernamentais que deixaram mais de 300 mortos.
A Nicarágua é alvo de sanções americanas pela repressão aos protestos de 2018 contra o presidente Daniel Ortega, no poder desde 2007.
Washington considera fraudulenta sua reeleição em 2021 e o critica pela onda de detenções contra seus opositores, muitos dos quais foram obrigados a partir para o exílio e destituídos de sua nacionalidade.
"Quando se comemoram sete anos da brutal onda de repressão do regime de Ortega e (da copresidente Rosario) Murillo contra os manifestantes, refletimos sobre a coragem e o desejo dos manifestantes de viverem em uma Nicarágua livre da tirania", afirmou, por meio de nota, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio.
"Os Estados Unidos não vão tolerar que Ortega e Murillo continuem atacando a Nicarágua", acrescentou.
O secretário de Estado anunciou "restrições de visto para mais de 250 funcionários do regime da ditadura nicaraguense", elevando para mais de dois mil os sancionados durante os últimos anos por Washington.
No começo de abril, especialistas da ONU apontaram pela primeira vez 54 funcionários, militares, policiais, magistrados e deputados da Nicarágua como responsáveis por "crimes" graves contra os direitos humanos e "repressão sistemática".
Esta lista é encabeçada por Ortega, Murillo, os comandantes do Exército, Julio César Avilés; e da Polícia, Francisco Díaz; além de líderes do Congresso, da Suprema Corte de Justiça, do Ministério Público, de prefeituras e da governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, antiga guerrilha).
Além disso, o governo do presidente republicano, Donald Trump, acusa Manágua de fazer negócios com a migração.
"A administração Trump não tolerará ameaças à segurança dos Estados Unidos por parte de um regime que usa a imigração como arma e posiciona a Nicarágua como um centro para os imigrantes ilegais que tentam cruzar nossa fronteira", advertiu Rubio na rede X.
Os migrantes atravessam cada vez mais a região, usando Manágua como ponto de desembarque para prosseguir viagem por terra até o norte.
Em 2024, durante o mandato do democrata Joe Biden, Washington emitiu um alerta para notificar companhias aéreas, operadoras de voos fretados, agentes de viagens e fornecedores de serviços sobre as formas em que as redes de tráfico de migrantes exploram os serviços e transporte para facilitar a imigração irregular.
Duas empresas do setor do ouro, afiliadas ao governo nicaraguense, COMINTSA e Capital Mining, são sancionadas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro americano.
* AFP