A França está sediando um grande evento de inteligência artificial nesta semana, em parceria com a Índia, para tentar unir forças diante dos grandes investimentos dos EUA e do desafio do mais recente chatbot da China, o DeepSeek.
Mais de 80 países foram convidados para os seminários científicos e de negócios em Paris, que começam na quinta-feira e culminarão em uma cúpula diplomática nos dias 10 e 11 de fevereiro.
Embora organizada ao lado de uma potência emergente, a cúpula é, no fundo, uma tentativa de provocar uma "reação europeia" a "essa revolução", explicou uma declaração da presidência francesa.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, seu colega da empresa rival Anthropic, Dario Amodei, bem como o chefe da start-up francesa MistralAI, Arthur Mensch, estão convidados.
Também devem participar Demis Hassabis, ganhador do Prêmio Nobel de Química que dirige a DeepMind, subsidiária de inteligência artificial do Google, e Daron Acemoglu, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, além de líderes da start-up alemã de IA Aleph Alpha, Accenture, Mozilla e Signal.
No aspecto diplomático, espera-se a presença de representantes de "altíssimo nível" dos EUA e da China, de acordo com o Eliseu.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, bem como o chanceler alemão, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmaram sua presença.
- Ondas de choque no setor -
Recém-empossado, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um acordo com os principais participantes de IA do país, bem como com os principais investidores, para financiar um gigantesco investimento de US$ 500 bilhões, com o objetivo de desenvolver centros de processamento de big data e IA generativa ainda mais avançada.
Mas a China sacudiu o setor dias depois com o DeepSeek, uma IA generativa que é muito mais barata do que suas rivais americanas.
O DeepSeek foi criado por um prodígio da tecnologia e das finanças, Liang Wenfeng, e, de acordo com observadores, pode transformar radicalmente o setor.
Enquanto isso, esse novo chatbot, capaz de superar o OpenAI em alguns cálculos, causou um terremoto nos mercados de ações e a queda de ações sólidas de tecnologia.
Além disso, na China, exaltaram sua suposta capacidade de contornar as sanções dos EUA que buscam impedir o acesso aos sofisticados chips necessários para a IA.
- Uma parceria público-privada -
O objetivo da França com essa cúpula é promover uma parceria público-privada e mostrar ao público, que poderá participar da maioria dos eventos, "os usos positivos da IA em todos os setores", nas palavras da ministra delegada para assuntos digitais, Clara Chappaz.
A França espera que uma fundação internacional com um capital inicial de 2,5 bilhões de euros em cinco anos (cerca de US$ 2,7 bilhões) seja anunciada no final da cúpula, em 11 de fevereiro.
Será "uma parceria público-privada entre diferentes governos, empresas e fundações filantrópicas", que deverá ter sede em Paris, para fornecer ferramentas de código aberto, como blocos de software e bancos de dados, "para todos aqueles que desejarem construir seu próprio sistema de IA", detalhou o Eliseu.
* AFP