A corrupção ameaça provocar o "descarrilamento" dos esforços de luta contra as mudanças climáticas, em particular devido ao desvio de dinheiro público destinado à transição energética, advertiu a Transparência Internacional em um relatório publicado nesta terça-feira (11).
A ONG com sede em Berlim classifica a cada ano 180 nações segundo o nível de corrupção percebida do setor público, de 0 (máximo) a 100 (mínimo).
O relatório de 2025 destaca que a corrupção representa um "enorme obstáculo" para resolver a crise climática.
Nos países percebidos como os mais corruptos, o risco de desvio dos fundos destinados ao clima é mais elevado, porque as medidas de proteção são mais difíceis de aplicar e favorecem o lobby das energias fósseis.
E estes países, localizados principalmente na África, Ásia e América do Sul, também estão expostos às mudanças climáticas.
Sudão do Sul (8), Somália (9) e Venezuela (10) são os últimos colocados no ranking da ONG.
"Os governos e as organizações internacionais devem integrar medidas anticorrupção em seus esforços climáticos para proteger os financiamentos, restabelecer a confiança e aumentar seu impacto", declarou Maira Martini, diretora-geral da Transparência Internacional, em um comunicado.
Segundo a organização de combate à corrupção, bilhões de dólares de fundos climáticos são roubados ou mal utilizados.
O relatório menciona exemplos de conluios e desvios na África do Sul (41) ou na Rússia (22), mas também nos Estados Unidos (65), embora este último tenha uma classificação melhor que a média no ranking da ONG.
Os desvios de recursos afetam sobretudo as populações mais desfavorecidas, muito dependentes de ajuda pública para enfrentar desastres naturais e a poluição.
A corrupção também influencia as negociações climáticas internacionais: as ONGs denunciaram a presença anormal do lobby do petróleo na COP29, organizada no Azerbaijão, que tem classificação 22/100 no ranking da Transparência Internacional.
A organização indica também que quase todos os ativistas ambientais assassinados no mundo desde 2019 viviam em países com classificações inferiores a 50.
De forma mais global, a Transparência Internacional destaca uma aceleração da corrupção entre 2012 e 2024 em 47 países e uma diminuição em apenas 32 países.
* AFP