A China acusou nesta quarta-feira (5) os Estados Unidos de "reprimir" suas empresas depois que o serviço postal americano anunciou que deixaria de aceitar pacotes da China e de Hong Kong, uma medida que não será implementada por enquanto, mas que afetaria gigantes do comércio online como Temu e Shein.
"Pedimos aos Estados Unidos que parem de politizar e instrumentalizar questões comerciais e econômicas" e "reprimir irracionalmente as empresas chinesas", disse o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian, pedindo "diálogo".
O serviço postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou na terça-feira que "temporariamente" e "até novo aviso" não aceitará pacotes da China continental e de Hong Kong. Nesta quarta-feira, voltou atrás e disse que "continuaria aceitando".
Também anunciou a isenção de tarifas para pacotes de baixo valor, em linha com a promessa do presidente Donald Trump. Essa isenção permite que mercadorias avaliadas em menos de 800 dólares (4.633 mil reais) entrem nos Estados Unidos sem pagar tarifas ou outros impostos.
Washington acaba de anunciar tarifas adicionais de 10% sobre todos os produtos chineses, uma medida que desencadeou uma nova guerra comercial entre as duas potências.
Pequim respondeu imediatamente anunciando impostos sobre uma série de produtos americanos, de petróleo a máquinas agrícolas.
O governo chinês também anunciou novas restrições à exportação dos chamados metais críticos e metaloides, usados em setores como mineração e indústria aeroespacial.
"As medidas tomadas pela China são uma ação necessária para defender seus direitos e interesses legítimos", disse o porta-voz chinês nesta quarta-feira.
- Impacto sobre Temu e Shein -
Segundo Washington, a isenção de taxas alfandegárias sobre encomendas de baixo valor em vigor até agora beneficiou amplamente as plataformas de comércio online fundadas na China.
Na semana passada, a agência de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA disse que o valor dos pacotes que se beneficiam dessa isenção totalizou mais de 1,36 bilhão de dólares (7,87 bilhões de reais) em 2024.
Washington acredita que essa isenção dificultou a aplicação de requisitos de saúde, segurança ou propriedade intelectual nos Estados Unidos.
O cancelamento dessa isenção pode representar um golpe para plataformas populares como Shein e Temu, que vendem produtos a preços baixos, e castigar ainda mais o comércio exterior chinês, um dos motores de sua economia na ausência de consumo interno.
Outros grupos, como a gigante americana Amazon, também podem ser afetados.
Neste contexto, a Comissão Europeia anunciou que quer taxar os bilhões de pacotes vendidos pelas plataformas online e que entram na União Europeia, principalmente da China.
As medidas chinesas de retaliação anunciadas na terça-feira para entrar em vigor em 10 de fevereiro têm como alvo cerca de 20 bilhões de dólares (115 bilhões de reais) em produtos americanos, ou cerca de 12% do total das importações dos EUA, segundo cálculos da Capital Economics.
No entanto, seu impacto ainda é muito menor do que as tarifas alfandegárias adicionais de Washington que afetam cerca de 450 bilhões dólares (2.606 trilhões de reais) em mercadorias.
* AFP