O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, nesta terça-feira (28), que seu país está disposto a negociar um fim do conflito na Ucrânia, mas rejeitou a possibilidade de manter conversas diretas com seu homólogo Volodimir Zelensky, considerado "ilegítimo" pelo líder russo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem pressionado ambos os lados para que ponham fim a um conflito que já dura quase três anos, e na semana passada afirmou que Zelensky queria negociar um "acordo" para encerrar os combates.
"Se [Zelensky] quiser participar das negociações, eu escolherei pessoas para participar das negociações", disse Putin, qualificando o presidente ucraniano de "ilegítimo" porque seu mandato expirou durante a lei marcial.
O mandato de Zelensky de fato chegou ao fim, mas a legislação ucraniana proíbe a realização de eleições enquanto a lei marcial, que foi decretada desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022, estiver em vigor.
O presidente russo acrescentou que qualquer negociação seria "ilegítima" se fosse realizada atualmente, citando um decreto de Zelensky, que descartou, em outubro de 2022, qualquer negociação enquanto Putin estivesse no poder.
"Se houver vontade de negociar e de encontrar um compromisso... Naturalmente, lutaremos pelo que nos convém, pelo que se ajusta aos nossos interesses", acrescentou.
"Por enquanto, não vemos tal vontade", observou.
Putin também afirmou que o conflito poderia terminar em dois meses ou menos se os países ocidentais retirassem seu apoio à Ucrânia.
"Não aguentariam um mês se acabasse o dinheiro e, de forma ampla, as balas. Tudo terminaria em um mês e meio ou dois", afirmou o presidente russo.
O conflito não mostra sinais de desescalada, apesar de Trump ter prometido alcançar rapidamente um cessar-fogo assim que chegasse à Casa Branca.
As autoridades russas afirmaram na segunda-feira que ninguém da equipe de Trump entrou em contato com Moscou para agendar um encontro com Putin, mas as duas partes parecem dispostas a se reunir.
Kiev indicou que não concorda em ficar de fora de eventuais negociações de paz e acusou Putin de tentar "manipular" Trump.
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* AFP