Os deputados franceses debaterão em 29 de janeiro uma proposta de resolução que pede ao governo do presidente Emmanuel Macron que "rejeite" a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, anunciaram fontes parlamentares nesta terça-feira (21).
A inclusão na agenda da votação dessa resolução é "uma vitória muito importante", disse Mathilde Panot, líder do grupo parlamentar A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), que promoveu essa iniciativa, em uma coletiva de imprensa.
A proposta "convida o governo francês a comunicar à Comissão Europeia sua rejeição do acordo", bem como "sua oposição a qualquer método de adoção [do acordo] que contorne a ratificação pelos parlamentos nacionais".
A UE e os países do Mercosul começaram a negociar esse acordo "global" em 1999, que deveria reger o comércio, mas também as relações políticas e econômicas entre os europeus, por um lado, e a Argentina, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai, por outro.
Entretanto, a Comissão Europeia, que negocia em nome do bloco como um todo, poderia dividir a parte comercial em um acordo separado para ratificação, a fim de evitar uma votação nos Parlamentos nacionais e, assim, evitar uma possível rejeição.
No final de novembro, os deputados franceses já haviam expressado sua rejeição ao acordo por maioria de votos, assim como o governo francês, que reiterou sua oposição "firme" ao pacto em sua "forma atual", que emergiu da conclusão das negociações em 6 de dezembro.
A França, que lidera a UE na oposição ao acordo, considera-o "inaceitável", pois acredita que os agricultores do bloco sul-americano devem respeitar os padrões ambientais e de saúde em vigor na UE para evitar uma possível concorrência desleal.
A implementação desse acordo permitiria que a UE, o principal parceiro comercial do Mercosul, exportasse seus carros, máquinas e produtos farmacêuticos com mais facilidade, enquanto o bloco sul-americano teria mais facilidade para exportar seus produtos agrícolas, como carne e açúcar.
No início de janeiro, Macron disse que "o assunto não está encerrado".
* AFP