Os deputados franceses instaram, nesta quinta-feira (30), o governo do presidente Emmanuel Macron a "rejeitar" a ratificação do acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul, comunicando a posição à Comissão Europeia.
A resolução, apresentada pelo partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI, na sigla em francês) e adotada por unanimidade, pede ao governo que expresse "sua oposição a qualquer método de adoção [do acordo] que contorne a ratificação pelos Parlamentos nacionais".
A UE e os países do Mercosul começaram a negociar em 1999 este acordo "global", que deveria reger as relações comerciais, mas também políticas e econômicas entre os europeus, por um lado, e Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, por outro.
Entretanto, a Comissão Europeia, que negocia em nome da UE, poderia dividir a parte comercial em um acordo separado para ratificação, a fim de evitar uma votação nos Parlamentos nacionais e, assim, evitar uma possível rejeição.
No final de novembro, os parlamentares franceses já haviam manifestado sua rejeição ao acordo por maioria de votos, assim como o governo francês, que reiterou sua "firme" oposição ao pacto em sua "forma atual", que resultou da conclusão das negociações em 6 de dezembro.
A França, que lidera a oposição europeia ao acordo, considera o tratado "inaceitável", ao sustentar que os agricultores do bloco sul-americano devem respeitar as normas ambientais e de saúde em vigor na UE para evitar uma eventual concorrência desleal.
Outra resolução, apresentada pelos socialistas e também adotada por unanimidade, pede a inclusão na legislação europeia de "medidas-espelho" para obrigar os exportadores de produtos para o bloco a respeitarem tais padrões.
A implementação deste acordo permitiria que a UE, o principal parceiro comercial do Mercosul, exportasse seus carros, máquinas e produtos farmacêuticos mais facilmente, enquanto o bloco sul-americano teria uma facilidade maior para exportar seus produtos agrícolas, como carne e açúcar.
* AFP