As autoridades sul-coreanas e americanas estão tentando determinar por que um avião da Jeju Air não conseguiu desengatar o trem de pouso, bateu em um muro e pegou fogo no Aeroporto Internacional de Muan, matando 179 das 181 pessoas a bordo.
Confira o que se sabe sobre os últimos minutos do pior desastre aéreo da história da Coreia do Sul.
- Choque com pássaros -
No domingo, 29 de dezembro de 2024, às 08h45 (23h45 de sábado), o voo 2216 da Jeju Air de Bangcoc foi autorizado para pousar em Muan, sudoeste da Coreia do Sul.
Três minutos depois, a torre de controle alertou o piloto sobre a presença de pássaros.
Dois minutos depois, o piloto fez uma chamada de emergência anunciando "choque com pássaros, choque com pássaros", segundo o Ministério do Transporte.
De acordo com um deputado da oposição, que citou dados da administração aeroportuária da Coreia do Sul, Muan tem a maior taxa de colisões com aves do país. No entanto, os especialistas consideraram estranho que uma colisão com pássaros afetasse o funcionamento de componentes-chave do avião.
"Não é comum que um choque com pássaros cause a falha de ambos os motores do avião, mas parece que foi isso que aconteceu", disse Goo Nam-seo, professor de Ciência Aeroespacial na Universidade Konkuk, em Seul.
Agora, as autoridades investigam se o aeroporto estava cumprindo os regulamentos para evitar colisões com pássaros.
- Tentativas de aterrissar -
A princípio, o piloto abandonou as tentativas de aterrissar, até que a torre de controle propôs que ele pousasse no sentido contrário e o piloto aceitou.
Às 09h02, o avião tentou pousar pela segunda vez na pista, mas, aparentemente, sem o trem de pouso.
- Trem de pouso -
O trem de pouso não funcionou e o piloto teve que pousar sem ele.
O avião derrapou na pista e bateu em um muro.
Os bombeiros sul-coreanos e o Ministério dos Transportes sugerem que a possível colisão com pássaros teria danificado o trem de pouso.
- Muro de concreto -
Às 09h03, o avião colidiu com um muro onde estava localizado um instrumento de orientação denominado localizador.
Em alguns vídeos, o avião aparece colidindo contra essa instalação, localizada a 250 metros da pista.
Ainda assim, há dúvidas sobre o motivo pelo qual esse localizador foi instalado no final da pista, algo que, segundo especialistas, pode representar um perigo caso o avião saia dela.
A imprensa local informou que a instalação poderia violar as leis que exigem que as estruturas nos terrenos do aeroporto sejam feitas de materiais que se quebrem facilmente.
- Últimas conversas -
Os investigadores recuperaram as duas caixas-pretas do avião.
Segundo o vice-ministro responsável pela Aviação Civil, Joo Jong-wan, foi recuperada a gravação de voz da cabine, com as últimas conversas dos pilotos.
A outra caixa-preta, que contém os dados do voo, foi danificada e enviada aos Estados Unidos para análise.
- O que acontece agora? -
O governo ordenou uma inspeção de emergência de todas as aeronaves Boeing 737-00 operadas por companhias aéreas coreanas, assim como das pistas dos aeroportos nacionais.
O Ministério do Transporte indicou que a descoberta da causa exata do acidente poderá demorar entre seis meses e três anos.
A investigação é conduzida pelas autoridades de segurança da aviação sul-coreanas, com o apoio da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, que costuma apoiar casos como este no exterior.
* AFP