Para Donald Trump, "o Dia da Libertação nos Estados Unidos" será nesta segunda-feira (20), quando assumirá o cargo de presidente para cumprir suas promessas: deportar migrantes, excluir militares transgêneros e impor tarifas alfandegárias.
São decisões radicais que colocarão imediatamente à prova sua margem de manobra institucional. Muitas delas serão proclamadas por decreto presidencial.
- Imigração -
Trump, que chama de "invasão" a entrada de migrantes sem visto no território americano e os acusa de envenenar "o sangue" do país, promete uma deportação em massa.
O republicano também quer acabar com o direito à cidadania por nascimento, que considera "ridículo".
Calcula-se que cerca de 11 milhões de pessoas viviam ilegalmente nos Estados Unidos em 2022.
Segundo o Wall Street Journal, Trump declarará estado de emergência na fronteira com o México.
A Fox diz que ele também designará os cartéis de drogas como organizações terroristas estrangeiras e restabelecerá o programa "Fique no México", para que os migrantes possam aguardar o resultado do processo migratório do outro lado da fronteira.
Os defensores dos migrantes acreditam que ele eliminará o aplicativo de celular CBP One para solicitar uma entrevista com as autoridades migratórias e um programa humanitário projetado para migrantes de Haiti, Cuba, Nicarágua e Venezuela, que lhes permite solicitar a entrada nos Estados Unidos por um período de dois anos, se tiverem um patrocinador no país e passarem por uma verificação de segurança.
Seu poder tem limites. Os direitos à terra, por exemplo, são garantidos pela Constituição e Trump não poderá aboli-los com um simples decreto.
Além disso, os programas de expulsão podem enfrentar desafios legais ou a recusa de alguns países em aceitar seus cidadãos.
- Tarifas alfandegárias -
"Em 20 de janeiro, como uma das minhas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para cobrar do México e do Canadá uma tarifa de 25% sobre TODOS os produtos que entrarem nos Estados Unidos e suas ridículas fronteiras abertas", escreveu no fim de novembro em sua rede Truth Social.
Esses países vizinhos estão vinculados aos Estados Unidos por um acordo de livre comércio, então é válido perguntar se a ameaça é real ou se ele está tentando pressionar mexicanos e canadenses antes de iniciar negociações.
Trump justificou a advertência mencionando a chegada pelas fronteiras com os vizinhos de drogas e imigrantes ilegais.
Outro país na mira é a China, a quem ele ameaçou aumentar em 10% as tarifas alfandegárias, além das que já impôs a certos produtos durante seu primeiro mandato (2017-2021).
- Indulto aos 'reféns' de 6 de janeiro?
Em 6 de janeiro de 2021, uma multidão de apoiadores de Donald Trump invadiu o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden.
Cerca de 1.270 pessoas foram condenadas.
Trump diz há muito tempo que poderia perdoá-los e, em seu discurso no domingo, garantiu a seus apoiadores que eles ficariam "muito felizes" com a decisão que ele tomaria sobre o assunto nesta segunda-feira.
- Guerras e diplomacia -
Antes do acordo entre Israel e Hamas anunciado na quarta-feira, o presidente eleito disse que o movimento islamista palestino enfrentaria o "inferno" se não libertasse os reféns mantidos em Gaza.
Ele também prometeu o apoio inabalável a Israel em um conflito que já dura 15 meses. No entanto, não especificou exatamente o que quis dizer com isso.
Donald Trump também quer acabar com a guerra na Ucrânia, desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão russa, mas depois de ter falado em encerrar as hostilidades em 24 horas, ele mencionou mais recentemente um horizonte de seis meses.
- Clima -
"Drill, baby, drill" (Perfure, querida, perfure), tem sido o lema repetido várias vezes por Donald Trump, um negacionista da mudança climática que quer impulsionar a extração de combustíveis fósseis, que já bate recordes.
"Temos mais ouro líquido do que qualquer país do mundo", afirma o presidente eleito dos Estados Unidos, o segundo país que mais polui, atrás da China.
Ele assegurou que reverteria "imediatamente" a recente decisão de Joe Biden de proibir amplamente a exploração de hidrocarbonetos no mar.
Não está claro se ele poderá fazer isso sem passar pelo Congresso.
O republicano também expressou forte oposição aos veículos elétricos, apesar de sua aliança com o chefe da Tesla, Elon Musk.
- Ofensiva contra transgêneros -
No fim de dezembro, Trump prometeu "deter a loucura transgênero".
Além disso, disse que excluirá os transgêneros do exército e das escolas de educação primária e secundária.
"A política oficial dos Estados Unidos será que só existem dois gêneros, masculino e feminino", afirmou Trump, que governará um país dividido sobre questões sociais.
Donald Trump também prometeu eliminar o financiamento federal de escolas que adotaram a "teoria crítica da raça".
Este conceito é usado pejorativamente pelos conservadores para denunciar os ensinamentos antirracistas.
* AFP