Dois aviões militares dos Estados Unidos com dezenas de guatemaltecos expulsos chegaram nesta sexta-feira (24) à Guatemala, após o governo de Donald Trump anunciar o início de uma grande operação de deportação de migrantes, informaram as autoridades.
Um total de 79 guatemaltecos (31 mulheres e 48 homens) chegaram em um primeiro voo à meia-noite, informou o Instituto Guatemalteco de Migração. O segundo, com um número ainda não definido, aterrissou na manhã desta sexta-feira, enquanto um terceiro avião também é aguardado.
"Podemos confirmar que, durante a noite, dois aviões do Departamento de Defesa realizaram voos de repatriação dos Estados Unidos para a Guatemala", afirmou o Pentágono.
Nem Estados Unidos nem Guatemala informaram se há no grupo alguns dos 538 "imigrantes ilegais" presos ou das "centenas" de expulsos que a Casa Branca anunciou na noite de quinta-feira.
"São voos posteriores à tomada de posse de Trump", disse à AFP uma funcionária da Vice-Presidência da Guatemala, que também compartilhou imagens de um dos aviões militares.
Os deportados foram levados ao Centro de Recepção de Repatriados, localizado na Força Aérea, próximo ao aeroporto internacional da Cidade da Guatemala, onde estava prevista uma visita da vice-presidente Karin Herrera nesta sexta-feira, sem acesso à imprensa.
Trump prometeu agir contra a imigração ilegal durante sua campanha e, depois de assumir a presidência no início da semana, declarou estado de emergência nacional na fronteira com o México e assinou uma série de decretos migratórios.
O governante republicano demonizou os migrantes durante sua campanha, descrevendo-os como "selvagens", "animais" ou "criminosos" e prometeu a maior campanha de deportação da história dos Estados Unidos, um país onde se estima que vivem cerca de 11 milhões de pessoas em situação irregular.
A cada ano, dezenas de milhares de centro-americanos, principalmente guatemaltecos, hondurenhos e salvadorenhos, abandonam seus países rumo aos Estados Unidos para fugir da pobreza.
Uma deportação em massa preocupa os governos da América Central. As remessas enviadas pelos migrantes representam cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em Honduras, El Salvador, Nicarágua e Guatemala, segundo os bancos centrais.
O governo da Guatemala anunciou que preparou um plano para receber os deportados, com a abertura de abrigos e programas de reintegração laboral, entre outras medidas.
O tema da migração, assim como a ameaça de Trump de retomar o controle do canal do Panamá, está no centro da visita à América Central que o secretário de Estado Marco Rubio inicia no final da próxima semana, sua primeira viagem ao exterior como chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
* AFP