A Groenlândia não tem "nenhum interesse" em fazer parte dos Estados Unidos, insistiu nesta sexta-feira (31) o ministro dinamarquês de Relações Exteriores, depois que seu colega americano garantiu que a suposta pretensão de comprar a ilha não era nenhuma "piada".
"Também não é brincadeira quando dizemos que a Groenlândia certamente não deve se tornar propriedade americana", disse Lars Løkke Rasmussen à emissora estatal DR.
"O Reino da Dinamarca [que inclui a Dinamarca, a Groenlândia e as Ilhas Faroe] não tem interesse nisso. A Groenlândia também não, isso está absolutamente claro. Então vamos deixar isso de lado", disse.
A Groenlândia pertence aos groenlandeses e não pode ser vendida, lembrou.
"Isto não é apenas o que determina a lei sobre a autonomia (da Groenlândia), mas também o direito internacional. Não se pode vender assim (essa prática), isto pertence a uma época que se passou", disse Løkke Rasmussen.
"Em 1917, vendemos as Antilhas dinamarquesas [hoje Ilhas Virgens dos Estados Unidos] sem pedir a opinião do povo. Em uma sociedade moderna, não podemos fazer isso e nunca faremos", concluiu.
Segundo o presidente dos EUA, Donald Trump, a Dinamarca, aliada da Otan, acabará cedendo na questão da Groenlândia.
Na quarta-feira, uma pesquisa mostrou que a esmagadora maioria dos groenlandeses não quer se tornar americanos.
"Oitenta e cinco por cento dos groenlandeses dizem 'não queremos ser americanos'", disse a deputada Aaja Chemnitz, que representa a ilha no Parlamento dinamarquês.
"Não queremos ser dinamarqueses. Gostaríamos de ter boas relações com os dinamarqueses, mas queremos encontrar uma maneira diferente de sermos groenlandeses", acrescentou.
* AFP