Uma empresa terceirizada da gigante chinesa de veículos elétricos BYD negou, nesta quinta-feira (26), que houvesse "condições análogas à escravidão" no canteiro de obras de uma fábrica em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA), onde autoridades locais disseram ter encontrado evidências de trabalho forçado.
Autoridades estaduais afirmaram esta semana que encontraram mais de 160 trabalhadores chineses contratados pela Jinjiang Construction Brazil Ltd. em condições "degradantes", alguns apresentando sinais visíveis de danos à pele.
A Jinjiang negou que seus funcionários tenham sido escravizados e afirmou nesta quinta-feira que as acusações "prejudicaram seriamente a dignidade do povo chinês".
"Ser inexplicavelmente rotulada como 'escravizada' fez com que nossa equipe se sentisse seriamente insultada e que seus direitos humanos foram violados", disse no Weibo.
A empresa contratante compartilhou imagens de uma carta negando as más condições de trabalho e citando problemas de tradução, que parecia ter sido assinada por sua equipe chinesa local.
A filial brasileira da montadora chinesa, BYD Auto do Brasil, anunciou, em nota, na noite de segunda-feira (23), que rescindiu com efeito imediato o contrato da empresa terceirizada responsável pela obra em Camaçari.
As obras foram suspensas em parte do canteiro por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia.
Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que levaram à identificação de "163 trabalhadores em condições análogas à de escravidão na empresa terceirizada Jinjiang, uma prestadora de serviços para a BYD".
No comunicado, o MPT denunciou "um quadro alarmante de precariedade e degradância" para os trabalhadores.
Em um dos alojamentos, os trabalhadores "dormiam em camas sem colchões e não possuíam armários para guardar seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação", acrescentou.
* AFP