A baixa escolaridade e a falta de políticas educativas, resultantes de um investimento insuficiente na educação, custam 10 bilhões de dólares (R$ 52,6 bilhões na cotação atual) à economia mundial por ano, alertou a Unesco nesta segunda-feira (17).
Em um relatório intitulado "O preço da inação", especialistas desta Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura estimaram este valor para 2030.
A marca "vertiginosa" supera o Produto Interno Bruto (PIB) conjunto da França e do Japão, dois dos países mais ricos do mundo, segundo a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que destaca um "círculo vicioso" da "falta de investimento na educação de qualidade".
"As pessoas com menos formação têm menos competências. Os trabalhadores pouco qualificados ganham menos. As pessoas com rendas baixas pagam menos impostos, o que significa que os governos possuem menos recursos para investir em sistemas educativos acessíveis a todos", diz ela em declarações enviadas à AFP.
A educação contribui "para a realização de outros objetivos de desenvolvimento sustentável, como acabar com a pobreza, evitando também a sua transmissão intergeracional", afirmou o presidente do Chile, Gabriel Boric, durante uma reunião de Ministros da Educação na Unesco.
Cerca de 128 milhões de meninos e 122 milhões de meninas não frequentaram escolas em 2023, segundo a organização, e 70% das crianças de 10 anos em países de baixo e médio rendimento não conseguem compreender textos simples.
Segundo o relatório, o déficit de competências atinge 94% na região da África Subsariana, 88% no Sul e Oeste da Ásia, 74% nos países árabes e 64% na América Latina e no Caribe.
Caso os países reduzam em 10% o número de jovens que abandonam os estudos de forma precoce, o PIB mundial cresceria entre 1 e 2% ao ano, conclui o documento.
"A educação é um investimento estratégico, um dos melhores investimentos possíveis para os indivíduos, as economias e a sociedade como um todo", afirmou Azoulay.
Para além dos critérios financeiros, a educação também tem impacto na gravidez precoce, que aumenta 69% entre as mulheres jovens com menor escolaridade, afirma a Unesco.
* AFP