Os Estados Unidos querem para o México um Judiciário forte, disse nesta quinta-feira (13) o embaixador americano no país, Ken Salazar, diante da polêmica iniciativa promovida pelo presidente Andrés Manuel López Obrador e a presidente eleita Claudia Sheinbaum.
"Queremos que tenham um sistema de Poder Judiciário que trabalhe bem fortalecido, que possa fazer seu trabalho bem", afirmou, acrescentando que cabe aos mexicanos decidir se a Constituição deve ser modificada com esse fim.
"Sem um bom Poder Judiciário, não podemos avançar em muitos dos temas como a segurança", declarou em coletiva de imprensa.
Salazar disse ainda que existem criminosos em prisões mexicanas que ainda não foram extraditados, "em parte, pelo que não foi feito no Poder Judiciário".
A reforma judiciária do esquerdista López Obrador, rejeitada por integrantes do Poder Judiciário e pela oposição, propõe que cerca de 1.600 juízes e magistrados sejam eleitos por voto popular e que se retire a pensão vitalícia dos membros da Suprema Corte, entre outras medidas.
Sheinbaum comprometeu-se a participar de uma discussão "ampla" sobre a controversa reforma para que "seja discutida pelas associações de advogados, as faculdades de direito, os próprios ministros [da Suprema Corte], magistrados".
O partido governista Morena, do atual presidente e de Sheinbaum, conseguiu uma grande vitória nas últimas eleições e, junto com seus aliados, deve obter dois terços do Congresso bicameral, o que permitirá realizar reformas constitucionais.
Isso provocou nervosismo nos mercados, enfraquecendo o peso mexicano em relação ao dólar.
Por outro lado, o diplomata americano assegurou que o fluxo de migrantes sem documentos que chegam à fronteira com o México diminuiu após seu governo impor novas restrições às solicitações de asilo nessa fronteira.
"Os números de migrantes irregulares caíram. Hoje, está abaixo de 3.000. Isso vai continuar diminuindo, porque as leis e as consequências devem ser muito claras para os migrantes e os coiotes que chegam ao corredor da migração", afirmou.
* AFP