A multinacional química alemã BASF anunciou nesta sexta-feira (9) que agilizará sua saída do capital de duas empresas da região chinesa de Xinjiang, após denúncias de violações dos direitos da minoria uigur feitas pelo seu sócio chinês.
Divulgados na semana passada pela imprensa alemã, os relatórios indicam que o grupo industrial chinês Markor realizou "atividades incompatíveis com os valores da BASF", afirmou o grupo alemão em comunicado.
Consequentemente, a BASF irá "acelerará o processo" já iniciado de vender suas ações em duas empresas que fabricam butanodiol na cidade de Korla, na região noroeste de Xinjiang, acrescentou o grupo.
A BASF explicou que começou a se desfazer de suas ações nas duas empresas conjuntas "no quarto trimestre de 2023", inicialmente por motivos ambientais.
No entanto, as investigações publicadas pela emissora pública alemã ZDF e pela revista Der Spiegel aumentaram a pressão sobre o grupo, que não revelou quando pretende concluir o processo.
De acordo com os relatos, diretores da Markor estiveram envolvidos em uma campanha de controle e repressão na região de Xinjiang, liderada pelo atual governo chinês, o Partido Comunista, contra o povo uigur, majoritariamente muçulmano.
Relatos sobre visitas a famílias uigures, em 2018 e 2019, levaram as autoridades chinesas a prender membros dessa minoria ou confinar em campos de reeducação, de acordo com a imprensa alemã.
Nesta sexta, a BASF afirmou não ter evidências de qualquer envolvimento em atividades que violassem os direitos humanos entre membros da equipe das duas empresas em Korla.
As alegações somam-se às preocupações econômicas e ambientais das duas empresas, a BASF Markor Chemical Manufacturing e a Markor Meiou Chemical, que produzem o 1,4-butanodiol (1,4 BDO), utilizado na fabricação de plásticos, solventes e outros produtos químicos.
A presença da BASF permanece "inalterada" na China, onde metade da produção química mundial é fabricada, destacou o grupo.
A empresa planeja investir cerca de 10 bilhões de euros (quase R$ 53,7 bilhões) na construção de um complexo químico, na província de Zhejiang.
Defensores dos direitos humanos criticam a presença de outras empresas ocidentais em Xinjiang, especialmente no setor têxtil, acusado de recorrer ao trabalho forçado dos uigures.
A Volkswagen também foi alvo de críticas algumas vezes, mas a companhia automotiva sempre negou as acusações.
* AFP