As autoridades alemãs vão abrir uma investigação para descobrir como os vencedores do Festival de Cinema de Berlim fizeram declarações "inaceitáveis" contra Israel em relação à sua guerra contra o Hamas, disse uma porta-voz do governo nesta segunda-feira (26).
Desde domingo, o Festival de Cinema de Berlim é acusado de espalhar o antissemitismo porque vários cineastas denunciaram, no palco durante a cerimônia de entrega dos prêmios, o "genocídio" que dizem que o Exército israelense comete na Faixa de Gaza.
No território palestino, quase 30 mil pessoas, principalmente civis, morreram pela ofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista Hamas.
Entre os diretores em destaque está o documentarista palestino Basel Adra, que recebeu um prêmio por um filme sobre as expulsões de palestinos na Cisjordânia ocupada. No palco, ele acusou Israel de "massacrar" a população palestina e foi muito aplaudido pelo público.
No entanto, os cineastas omitiram que a ofensiva israelense foi desencadeada por um ataque de milicianos do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, que deixou pelo menos 1.160 pessoas mortas, a maioria delas civis.
"É inaceitável que o ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro não tenha sido mencionado", disse uma porta-voz do governo, Christiane Hoffmann, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
O chefe do governo, Olaf Scholz, considerou que "tal posição unilateral não pode ser tolerada", afirmou a porta-voz. "Em qualquer debate sobre esta questão, é importante ter presente o acontecimento que levou a esta nova escalada do conflito no Oriente Médio", insistiu.
A ministra da Cultura, Claudia Roth, ambientalista, anunciou que estudaria "os incidentes ocorridos" junto com o prefeito da capital, Kai Wegner, um conservador.
O festival é financiado principalmente pelo Estado alemão. Quando questionado se este apoio seria reconsiderado, Hoffmann respondeu que o que se pretende neste momento é garantir que este tipo de comentário não volte a acontecer.
* AFP