Um juiz argentino autorizou a apreensão de um avião de carga venezuelano a pedido dos Estados Unidos, informou o ministério da Justiça nesta quarta-feira (3), uma decisão que foi qualificada de um "roubo" por Caracas.
O juiz federal Federico Villena resolveu "a manutenção e a segurança do avião, a custódia do avião, que o avião fique em condições e a apreensão definitiva a favor da Justiça dos Estados Unidos", confirmaram fontes do ministério à AFP.
"Todos resolveram nas diferentes instâncias que o avião tem que ir para os Estados Unidos", insistiram.
O Boeing 747 permanecia retido na Argentina desde 8 de junho de 2022, após chegar do México com uma carga de peças automotivas. Os 19 membros da tripulação foram detidos na época, ainda que posteriormente tenham sido liberados.
Entre os tripulantes havia quatro iranianos, um dos quais, segundo os Estados Unidos, era um antigo comandante da Guarda Revolucionária, organização considerada terrorista por esse país.
Pouco depois de conhecida a decisão, o governo venezuelano denunciou a decisão de enviar o avião para os Estados Unidos como uma tentativa de "consumar o roubo da aeronave venezuelana".
A Venezuela "rechaça e condena de maneira categórica a decisão, claramente servil a interesses imperialistas", do juiz Villena, escreveu o ministério das Relações Exteriores da Venezuela na rede social X.
O avião foi vendido em outubro de 2021 à Empresa de Transporte Aerocargo del Sur (Emtrasur) pela empresa iraniana Mahan Air, em violação às sanções dos EUA, argumentou o Departamento de Justiça em 19 de julho de 2022 para justificar o seu pedido de apreensão.
"A Venezuela demonstrou, perante todos os órgãos jurídicos e políticos internacionais, a posse legal e legítima da referida aeronave", afirma o texto da chancelaria venezuelana.
"A conduta de pilhagem, pirataria e vassalagem da justiça e do governo argentino transgride a sua própria legislação e transforma esta nação em um grave infrator da legalidade internacional", acrescentou.
* AFP