A Comissão das Relações Exteriores do Parlamento turco aprovou nesta terça-feira (26) o protocolo de adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) após 19 meses de suspense, informou à AFP o deputado Utku Cakirozer, do partido opositor CHP.
Após esta decisão, o protocolo deverá ser votado em plenário na Assembleia Nacional, embora ainda não se saiba a data desta votação.
Contando com maioria de aliados na Assembleia, o presidente Recep Tayyip Erdogan levantou em julho seu veto à adesão da Suécia, depois de Estocolmo tomar certas medidas contra grupos curdos considerados "terroristas" por Ancara.
"Estamos felizes por podermos nos tornar um país-membro da Otan", disse o ministro dos Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billström, em declarações à rede SVT Nyheter.
Junto com a Hungria, a Turquia é o último dos 31 Estados-membros da Otan que ainda não havia ratificado a adesão da Suécia. Há dez meses o país vinha multiplicando suas exigências para dar seu aval.
Inicialmente, o governo de Erdogan havia condicionado essa discussão ao endurecimento, por parte da Suécia, de sua política em relação aos refugiados curdos e, depois, à aprovação americana de lhe vender caças F-16.
A Suécia apresentou sua candidatura à aliança transatlântica ao mesmo tempo em que a Finlândia - admitida em abril -, após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
O governo turco havia criticado as autoridades do país nórdico por sua "clemência" com os militantes curdos refugiados em seu território, exigindo a extradição de dezenas deles.
"Observamos uma mudança na política da Suécia, em algumas decisões adotadas pelos tribunais", disse Fuat Oktay, deputado do AKP (partido da situação) e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento, em entrevista ao canal privado NTV na segunda-feira (25).
"Ainda tínhamos alguns pedidos para continuarmos avançando" na luta contra o terrorismo, acrescentou, sem dar mais detalhes.
O Parlamento turco iniciou em novembro a análise do protocolo de adesão da Suécia à Otan, pendente desde maio de 2022, mas as discussões foram adiadas.
No início de dezembro, Erdogan acrescentou como condição para a ratificação da adesão da Suécia a aprovação "simultânea", por parte do Congresso americano, da venda de aviões F-16 para a Turquia. O país tenta obter sinal verde dos EUA para a venda destes caças, considerados necessários para modernizar sua Força Aérea.
O governo do presidente Joe Biden não se opõe a essa venda, mas o Congresso bloqueou-a, até o momento, por razões políticas, como violações dos direitos humanos na Turquia, ou tensões com a Grécia.
* AFP