Vestida com um colete à prova de balas e com um capacete, a influenciadora Maya Keyy filma, com o intuito de mostrar aos seus seguidores, a devastação deixada em um kibutz pelos comandos do Hamas que, em 7 de outubro, atacaram o sul de Israel.
"Tem uma guerra nas redes sociais: é uma guerra diferente", explica Maya Keyy à AFP no kibutz de Kissufim, onde, segundo o Exército israelense, 15 pessoas foram assassinadas por combatentes do movimento islamista palestino quando eles se infiltraram em Israel a partir da Faixa de Gaza.
"Se não mostrarmos as imagens cruas ao mundo, não acreditam", assegura a jovem de 21 anos, a partir dessa comunidade agrícola. "Influencio na moda e, agora, uso minha influência como judia", acrescenta.
Maya Keyy, com meio milhão de seguidores no Instagram e 300 mil no TikTok, faz parte de um pequeno grupo de influenciadores digitais convidados pelo governo israelense para ir a um kibutz onde as consequências do ataque seguem visíveis: rastros de sangue, impactos de balas e casas destruídas pelo fogo.
Duzentos e noventa e sete pessoas viviam em Kissufim antes da guerra. A localidade está dois quilômetros ao leste de Gaza e, desde o início do conflito, é possível escutar os drones e os bombardeios.
- "As pessoas negam tudo" -
Antes de 7 de outubro, a página no Instagram de Maya Keyy publicava imagens de moda e selfies. Mas, desde então, suas redes sociais se converteram em chamados para apoiar Israel.
"Parei tudo para mostrar a verdade ao mundo, porque é incrível que as pessoas neguem tudo", diz. "Tem que vir e demonstrar para todo o mundo o que ocorreu", acrescenta.
Segundo o porta-voz do kibutz, Benny Hasson, duas mulheres de 90 anos morreram durante o ataque perpetrado pelo grupo islamista. Entre as vítimas, também estão seis trabalhadores tailandeses e uma família.
"Somos acusados de cometer atrocidades", declara Benny Hasson, de 66 anos, em referência aos bombardeios em Gaza. Mas foi o Hamas que chegou "incrivelmente preparado. Quero mostrar isso ao mundo", prossegue.
"No dia em que tudo ocorreu, soube de imediato que não queria fazer outra coisa senão falar do que havia acontecido aqui", explica, por sua vez, Alina Rabinovich, uma influenciadora gastronômica e da indústria do entretenimento, com meio milhão de seguidores nas redes sociais.
"Quando nos procuraram [o governo israelense], disse sim de imediato", destaca a jovem, de 26 anos.
Rabinovich sobressalta-se ao escutar o barulho dos disparos de foguetes do Hamas e reconhece o quão perigoso é trabalhar perto do território palestino.
Mas afirma que quer contar as histórias das vítimas de 7 de outubro. E "apenas começamos", ressalta.
Maya Keyy insiste, por sua vez, que o uso das redes sociais não é nada mais do que outra frente de uma guerra que teme que "não acabe nunca".
"Como judeus, temos que lutar por nossa própria existência".
* AFP