Perto da Faixa de Gaza, os soldados israelenses sentem "orgulho" por servir ao país na guerra contra o movimento palestino Hamas, mas não escondem um certo medo de lutar na fronteira.
Os soldados entrevistados pela AFP, com idades entre 18 e 21 anos, parecem, em alguns casos, que acabaram de sair da adolescência.
Eles estão cumprindo o serviço militar obrigatório, que em Israel dura três anos para os homens e dois anos para as mulheres.
Há alguns dias, eles estavam posicionados na retaguarda dos combates, nos kibutz na fronteira com a Faixa, abandonados por seus habitantes após o ataque violento do Hamas em 7 de outubro.
"Sim, tenho um pouco de medo. Não sabemos se vamos retornar vivos", admite um soldado de 20 anos, que pelo regulamento militar não pode revelar o nome.
Embora tenha iniciado o serviço militar há apenas seis meses, ele imagina uma possível ordem de envio para o território palestino.
"Nós faremos o que tivermos que fazer, mas é um lugar terrível para ir", acrescenta com a arma no ombro.
Os companheiros o escutam com atenção e palavras de encorajamento são proferidas.
"Queremos entrar lá com uma energia positiva (...) Estou realmente irritado com o que o Hamas fez", explica o soldado, natural de Gush Etzion, um conjunto de assentamentos Cisjordânia ocupada.
A Faixa de Gaza fica a apenas dois quilômetros de sua posição. O som da guerra é incessante: bombardeios e disparos de artilharia. A defesa aérea intercepta um foguete lançado a partir do território palestino.
A guerra em Gaza começou depois do ataque de 7 de outubro de milicianos do Hamas em Israel, uma ação que matou mais de 1.400 pessoas, a maioria civis - entre as vítimas também estão 300 militares. O grupo islamista também sequestrou 240 reféns.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e, desde então, bombardeia sem trégua o território controlado pelo movimento palestino.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, mais de 10.000 pessoas morreram em Gaza - quase dois terços menores de idade e mulheres.
- Visita da família -
Desde o início da operação terrestre em 27 de outubro, 30 soldados israelenses morreram em território palestino, segundo o Exército. O braço militar do Hamas alertou Israel que seus militares retornarão em "sacos pretos".
Em outro kibutz transformado em base militar, uma militar de 21 anos admite que mentiu para a mãe.
"Eu disse que estava no centro do país, não perto de Gaza. Não quero que ela fique preocupada", comenta.
"Estou muito orgulhoso de ser soldado", afirma um jovem de 19 anos que iniciou o serviço há oito meses. "Quem poderia saber onde estaríamos agora?" reflete.
Toda a sua família (avós, pais, um tio, as irmãs e até o cachorro) viajaram de Tel Aviv até o kibutz para uma visita.
Os parentes chegaram com roupas e comida.
"A última vez que o vimos foi há cinco semanas. Não sabemos quando o veremos novamente", afirmou a mãe do jovem.
"Estou orgulhosa dele, mas tenho medo", admite. "Eu ficaria menos preocupada se ele não estivesse aqui. Mas todos os lugares são perigosos agora".
"Espero que ele não vá para Gaza, mas... se ele não for, quem irá?", acrescenta a mãe.
"Se o Exército não existisse, Israel não existiria", completa.
Após uma hora, a família precisa partir. A mãe abraça o filho. "Eu choro o tempo todo", disse.
* AFP