A Coreia do Norte informou, nesta terça-feira (21), que conseguiu colocar em órbita um satélite militar de vigilância, um desafio às resoluções da ONU que proíbem o país de usar tecnologias de mísseis balísticos, duramente condenado por Estados Unidos e Japão.
O foguete, lançado na noite de terça-feira, seguiu a trajetória prevista e "conseguiu colocar em órbita o satélite Malligyong-1", reportou a agência oficial norte-coreana KCNA.
As imagens publicadas pela imprensa oficial mostram o líder norte-coreano Kim Jong Un sorrindo e dando adeus ao foguete, cercado por cientistas em uniformes brancos que comemoram e aplaudem o lançamento bem-sucedido.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "condenou firmemente o lançamento de outro satélite militar que utiliza tecnologia de mísseis balísticos" por parte da Coreia do Norte, disse seu porta-voz Farhan Haq.
"Qualquer lançamento da Coreia do Norte que utilize tecnologia de mísseis balísticos é contrária às resoluções do Conselho de Segurança", acrescentou.
No entanto, a KCNA indicou após a missão que a Coreia do Norte planeja lançar outros satélites "no curto prazo" para reforçar suas capacidades de vigilância sobre a Coreia do Sul.
"O lançamento de um satélite de reconhecimento é um direito legítimo da RPDC [República Popular Democrática da Coreia] para fortalecer suas capacidades de autodefesa", ressaltou.
A Coreia do Sul reagiu ao lançamento declarando que vai retomar as operações de vigilância ao longo da fronteira com a Coreia do Norte, suspensas em 2018 no âmbito de um acordo para reduzir as tensões militares.
"O acordo militar foi suspenso parcialmente", disse um porta-voz do governo sul-coreano à AFP.
O Estado-Maior do Exército sul-coreano disse que não pode confirmar no momento se o satélite foi colocado em órbita.
Este lançamento "constitui uma provocação que viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU", acrescentou em nota.
Tanto o Japão quanto os Estados Unidos condenaram o lançamento.
"Mesmo que chamem isto de um satélite, o lançamento de um objeto que usa a tecnologia dos mísseis balísticos é claramente uma violação das resoluções das Nações Unidas", reforçou o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida.
O lançamento "eleva as tensões e corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região e fora dela", afirmou, por meio de nota, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Adrienne Watson.
- Recorde de testes com mísseis -
A Coreia do Norte informou o Japão anteriormente de sua intenção de lançar um satélite a partir da quarta-feira, segundo Tóquio, em uma terceira tentativa após dois fracassos em maio e agosto.
Em agosto, Pyongyang designou três áreas marítimas suscetíveis de serem afetadas pelo lançamento previsto na ocasião: duas no Mar Amarelo, a oeste da península coreana, e uma terceira em águas situadas a leste das Filipinas.
"As zonas de perigo mencionadas pela Coreia do Norte desta vez correspondem às anunciadas durante o seu projeto de lançamento de satélite em agosto", comentou um dirigente sul-coreano citado pela Yonhap.
Há semanas, Seul adverte que Pyongyang estava nas "últimas etapas" dos preparativos para um novo lançamento de um satélite espião.
A aproximação recente entre a Coreia do Norte e a Rússia preocupa os Estados Unidos e seus aliados sul-coreano e japonês.
Segundo Seul, Pyongyang fornece armas à Rússia em troca de tecnologias espaciais russas.
No começo de novembro, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, denunciou os vínculos militares "crescentes e perigosos" entre Coreia do Norte e Rússia.
A Coreia do Norte realizou este ano um número recorde de testes com mísseis, apesar das sanções internacionais e das advertências de Estados Unidos, Coreia do Sul e seus aliados.
O país qualificou, ainda, como "irreversível" seu status de potência nuclear.
* AFP