O jornalista independente cubano Henry Constantin Ferreiro foi libertado nesta terça-feira (19), após permanecer detido desde a sexta-feira, quando iniciava a cúpula do G77+China em Havana, informou o comunicador.
De acordo com ONGs, além de Constantin, mais de uma dezena de comunicadores e dissidentes foram impedidos de sair de suas residências e tiveram o acesso à internet bloqueado.
"Já estou livre [...] ou meio livre, na verdade, porque quero permanecer em Cuba, e fazendo jornalismo", escreveu Constantin nesta terça em sua página no Facebook. O jornalista já havia ficado detido por algumas horas no início do mês.
'La Hora de Cuba', um pequeno meio independente da província de Camagüey (leste), informou no sábado, através do Facebook, que seu diretor Henry Constantin tinha sido preso um dia antes em Havana.
Segundo o veículo, a segurança do Estado lhe notificou que o motivo de sua detenção foi estar "ilegalmente em Havana" e que seria devolvido a Camagüey em 15 dias. No entanto, foi libertado na capital "sem encargos nem nada mais, sem explicações", indicou o jornalista.
A libertação imediata do jornalista foi solicitada nesta segunda pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), com sede em Miami, e pela sucursal da organização de defesa da liberdade de expressão Artigo 19 para o México e a América Central.
Além disso, a Artigo 19 disse ter "conhecimento de diversas agressões a nove jornalistas" que sofreram "cortes no serviço de internet, vigilância, reclusão domiciliar, interrogatório e detenção arbitrária, no contexto da Cúpula do Grupo dos 77, celebrada nos dias 15 e 16 de setembro em Havana".
Delegações de alto nível de uma centena de países compareceram ao evento, liderado pelo mandatário cubano, Miguel Díaz-Canel - como presidente pro tempore do G77+China -, e inaugurada na sexta-feira pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Segundo a organização de direitos humanos Cubalex, além dos jornalistas, foi detido Guillermo Fariñas, laureado com o prêmio Sakharov, que é concedido pelo Parlamento Europeu e homenageia pessoas ou organizações que se dedicaram à defesa dos direitos humanos e da liberdade.
Já Berta Soler, líder das Damas de Branco (organização que também recebeu o prêmio Sakharov), foi impedida de sair de casa, assim como seu esposo, o ex-preso político Ángel Moya Acosta.
Por sua vez, o ativista político Manuel Cuesta Morúa foi alvo de vigilância em sua residência e Liset Fonseca, mãe de um preso das históricas manifestações de 11 de julho de 2021, foi "intimada e interrogada" um dia antes do início da cúpula, acrescentou a Cubalex.
* AFP