A ONU anunciou, nesta sexta-feira (11), ter concluído a transferência de uma quantidade de petróleo equivalente a mais de um milhão de barris de um navio encalhado perto da costa do Iêmen e que representava um perigo ambiental.
Em um comunicado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, comemorou "as notícias de que a transferência de um navio para outro terminou hoje (sexta-feira), evitando, assim, uma monumental catástrofe humanitária e ambiental".
No final de julho, teve início a transferência de petróleo da embarcação "FSO Safer", um navio que, desde a década de 1980, estava atracado em frente ao estratégico porto de Hodeida (oeste), controlado por rebeldes houthis. Sua manutenção foi interrompida em 2015, devido ao conflito no Iêmen.
A conclusão desta tarefa "acaba com a ameaça iminente e imediata" representada por este petroleiro, "que poderia se romper, ou explodir no Mar Vermelho", afirmou o diretor do Programa para Desenvolvimento da ONU, Achim Steiner, ressaltando que esta era uma "etapa essencial".
No entanto, o "FSO Safer" ainda representa um problema ambiental, devido aos resíduos de petróleo que ficaram em seu interior.
A ONU já havia alertado que, uma vez finalizada esta operação, iniciaria outra para limpar os tanques e preparar o petroleiro para o desmantelamento. Essa segunda etapa, segundo Steiner, durará "entre duas e três semanas".
- Operação de mais de US$ 140 milhões -
O navio, que tem 47 anos, não recebe nenhum tipo de manutenção desde o início da guerra entre o governo do Iêmen, apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes houthis, próximos ao Irã.
A ONU destinou US$ 143 milhões (R$ 699 milhões, na cotação atual) para financiar esta operação de transferência.
O custo econômico, no entanto, teria sido muito maior no caso de um derramamento de petróleo, que teria causado estragos na fauna e na flora, nas vilas de pescadores e nos principais portos iemenitas.
Devido à localização do "FSO Safer" no porto de Hodeida, um acidente ou vazamento de óleo também teria afetado a movimentação pelo Canal de Suez.
Quando a operação começou, em 25 de julho, os especialistas alertaram para os riscos, principalmente devido às altas temperaturas do verão e às minas marítimas plantadas naquela área.
Steiner lembrou que a própria ONU tinha um avião "a cerca de 90 minutos de voo" do local onde está o navio e estava pronto para lançar produtos químicos no mar para reduzir o impacto de um possível vazamento.
A guerra do Iêmen já custou centenas de milhares de vidas e causou uma das piores crises humanitárias do mundo.
* AFP