O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, afirmou, nesta quarta-feira (3), em Damasco, que a Síria, sob a liderança de seu aliado, Bashar al Assad, "alcançou a vitória", apesar das sanções internacionais e de doze anos de conflito.
Apesar de Teerã ter fornecido apoio econômico, político e militar ao regime de Assad desde o início do conflito, em 2011, a visita desta quarta é a primeira de um presidente iraniano à Síria desde 2010.
"O governo e o povo sírio atravessaram grandes dificuldades e hoje podemos dizer que vocês superaram todos esses problemas e alcançaram a vitória, apesar das ameaças e das sanções impostas", declarou Raisi durante um encontro com al Assad.
O presidente sírio considerou que, "em períodos difíceis", as relações entre Damasco e Teerã eram "estáveis e constantes, apesar das graves tempestades políticas e de segurança que atingiram o Oriente Médio".
"Quando a guerra contra a Síria começou, há 12 anos, o Irã não titubeou em oferecer apoio econômico e político total e, inclusive, em oferecer seu sangue", acrescentou.
Graças aos seus principais aliados, Rússia e Irã, o regime sírio controla atualmente a maioria dos territórios que perdeu desde o início do conflito. Desde 2019, os combates diminuíram em grande medida, mas não acabaram totalmente.
A visita de Raisi à Síria, acompanhado de seu chefe da diplomacia e de outros cinco ministros, coincide com a aproximação entre dois pesos-pesados do Oriente Médio, Irã e Arábia Saudita. Há algumas semanas, os dois países assinaram um acordo para reatar as relações diplomáticas bilaterais.
Segundo a mídia oficial, ambos os presidentes assinaram um protocolo de acordo para um plano de cooperação estratégica global de longo prazo, que abrange diversas áreas como a agricultura, as redes ferroviárias, a aviação civil, o petróleo e as zonas francas.
O presidente iraniano também visitará o mausoléu de Sayyida Zeinab, um importante local de peregrinação para os xiitas, na periferia de Damasco.
A proteção desse local santo é feita pelos combatentes apoiados por Teerã, que colaboram com as forças governamentais durante o conflito.
Nas estradas que levam ao aeroporto de Damasco e ao mausoléu de Sayyida Zeinab foram instaladas bandeiras iranianas e fotografias dos dois presidentes com a palavra "bem-vindo" estampada em árabe e em persa.
Desde o começo do conflito, Teerã enviou militares que se apresentaram como assessores em apoio ao exército sírio. Vários deles morreram em bombardeios israelenses.
O país persa apoia grupos estrangeiros, como o poderoso Hezbollah xiita libanês, que lutou ao lado das forças governamentais.
- "Reconstrução" -
O porta-voz do governo iraniano, Ali Bahadori Jahromi, afirmou que essa viagem, a convite do presidente Assad, tem uma "importância estratégica" para os dois países e que seu objetivo é "econômico".
Desde 2013, o Irã abriu linhas de crédito, em particular para garantir as necessidades de petróleo da Síria, país afetado por um embargo internacional.
Damasco e Teerã assinaram acordos bilaterais no início de 2019 em várias áreas. Um deles incluía a inauguração de novos portos nas cidades costeiras de Latakia e Tartus.
"A parte iraniana se apresenta como um importante contribuinte da fase de reconstrução", explicou à AFP o analista político Osama Dannoura.
O inesperado degelo das relações entre a Arábia Saudita e o Irã beneficia Bashar al Assad, que deseja pôr fim a mais de uma década de isolamento diplomático. Vários países árabes, outrora hostis ao regime de Assad, retomaram suas relações com ele, sobretudo depois do devastador terremoto que destruiu a Turquia e a Síria em fevereiro.
* AFP