A junta militar de Mianmar usou uma "bomba de combustível" no bombardeio contra uma cidade do centro do país em abril, que deixou 170 mortos, afirmou a ONG Human Rights Watch (HRW) nesta terça-feira (9).
Uma bomba de combustível, também conhecida como "bomba termobárica de alto impulso", recorre a duas explosões. A primeira propaga gás e a segunda prende esse gás, criando uma grande bola de fogo que aspira todo o oxigênio ao seu redor e gera uma imensa onda expansiva.
O artefato não é proibido pelas convenções militares internacionais.
Segundo a HRW, a junta no poder usou esse tipo de bomba durante o ataque aéreo que lançou em meados de abril contra a cidade de Pazi Gyi.
Ao menos 170 pessoas morreram no bombardeio, segundo a imprensa local e os depoimentos dos habitantes. O ataque provocou uma onda de indignação internacional.
Para concluir que foi usado esse tipo de arma, a HRW se baseou em 59 fotos dos restos mortais das vítimas e em um vídeo do local onde a bomba atingiu.
A explosão causou "perdas civis desproporcionais (...) e pertence a um aparente crime de guerra", considerou a organização, com sede em Nova York.
A junta confirmou estar por trás do bombardeio, mas anunciou que tinha como alvo uma reunião de opositores armados.
Mianmar é cenário de uma onda de violência desde que um golpe militar derrubou o governo de Aung San Suu Kyi em 2021, o que desencadeou uma repressão sangrenta contra a dissidência.
A crise nesse país é tema das discussões da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que começou nesta terça-feira na Indonésia.
* AFP