O presidente sírio Bashar Al Assad chegou, nesta quinta-feira (18), à Arábia Saudita, indicou a televisão estatal síria, para participar da cúpula da Liga Árabe pela primeira vez, após anos de isolamento do regime por causa da guerra.
Assad "chegou ao aeroporto internacional Rei Abdulaziz em Jidá para participar (...) da reunião da Liga Árabe na sexta-feira, acrescentou a rede de televisão síria.
O mandatário participará de sua primeira reunião da Liga Árabe em mais de uma década, em seu grande retorno ao cenário diplomático árabe.
A Liga Árabe havia excluído o regime sírio no final de 2011 por sua repressão brutal de um levante popular, que se converteu em uma guerra devastadora. A Síria foi reintegrada ao organismo em 7 de maio.
Os Emirados Árabes Unidos, que restabeleceram suas relações com a Síria em 2018, foram muito ativos a favor da reintegração do governo sírio à Liga Árabe.
O regime de Assad se beneficiou também de uma onda de solidariedade, após um terremoto que devastou vastos territórios da Síria e Turquia em 6 de fevereiro.
A Liga Árabe destacou recentemente a necessidade de desempenhar um "papel de protagonismo" para encontrar uma solução para a Síria, onde a guerra causou cerca de meio milhão de mortos, assim como milhões de refugiados e deslocados.
A Síria aposta em uma plena normalização com os países árabes, especialmente com as ricas monarquias do Golfo, para financiar a custosa reconstrução do país.
O jornal pró-governo sírio al-Watan indicou que Assad se encontrará provavelmente com "vários dirigentes em reuniões bilaterais" na quinta-feira à noite e na sexta pela manhã.
A cúpula ocorre em um contexto de distensão regional, caracterizado pela aproximação, nos últimos meses, entre o reino saudita e o seu grande rival regional, Irã.
A Arábia Saudita restabeleceu recentemente seus serviços consulares na Síria.
- Iêmen e Sudão na pauta de discussões -
Além de restabelecer os vínculos com o regime sírio, os chefes de Estados árabes deverão examinar a situação no Sudão, assolado por combates há um mês, e no Iêmen, cenário de uma guerra há mais de oito anos.
Em Jidá, ocorrem conversas entre os representantes dos beligerantes sudaneses, facilitadas pelos Estados Unidos e Arábia Saudita. O reino busca encerrar a guerra no Iêmen, negociando com os rebeldes hutis, apoiados pelo Irã, a quem combateu durante muito tempo, ao lado do governo iemenita.
Não houve muitos avanços nessas iniciativas até agora, mas os observadores sauditas acreditam na possibilidade de êxito de Riad.
"A cúpula de Jidá é uma das mais importantes desde muito tempo, já que permitirá reconstruir a região", declarou o observador saudita Suleiman al Aqili. Se "conseguir reintegrar a Síria no seio árabe e adotar uma posição firme sobre os conflitos no Sudão e Iêmen, será um sucesso", acrescentou.
Resta saber se a reintegração de Damasco na Liga dos Estados Árabes contribuirá para avançar na resolução do conflito na Síria e se permitirá aos dirigentes árabes obter concessões de Assad sobre questões como o retorno dos refugiados sírios.
"O retorno de Assad à Liga Árabe é uma medida simbólica que marca o começo do processo para encerrar seu isolamento regional", destacou a analista Anna Jacobs da ONG voltada para resolução de conflitos internacionais, Internation Crisis Group.
* AFP